segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Genes ligados à obesidade alteram diretamente o cérebro, mostra estudo

Acabam de ser descobertas seis variações genéticas associadas com a obesidade. Pessoas portadoras dessas mutações têm índice de massa corporal, um importante marcador de obesidade, aumentado.


Essa foi a conclusão de um estudo, publicado na revista "Nature Genetics", por um grupo de pesquisadores que reúne mais de 60 universidades e órgãos governamentais europeus e norte-americanos. O grupo estudou o perfil genético de mais de 90 mil pessoas de origem européia em vários países.


O que chamou a atenção dos cientistas foi o fato de as mutações genéticas alteram as funções cerebrais ligadas à saciedade e quantidade de alimentos ingeridos. Habitualmente o foco dos estudos aponta para o metabolismo das gorduras e o gasto energético do organismo.

Contribuição genética

O reconhecimento do fator genético na obesidade ou mesmo no excesso de peso começou em 2007. Estudos com gêmeos idênticos apontam para uma contribuição da herança genética entre 40% e 70% para o problema.


A obesidade está associada a um risco aumentado do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes, com conseqüências graves para os indivíduos e a sociedade. Por conta disso, muitos travam uma batalha diária contra a balança.


Conhecer os processos biológicos que estão por trás da questão da obesidade é importante para que se evite uma abordagem simplista que penaliza os indivíduos obesos. Muitas vezes o entendimento da sociedade é de que os gordinhos são pessoas sem disciplina ou sem força de vontade.


O reconhecimento de que o cérebro está envolvido diretamente no processo pode explicar porque muitas pessoas simplesmente comem mais do que deviam sem que isso tenha relação direta com a saciedade. Pesquisas como essa podem abrir portas para novas estratégias de tratamentos e o desenvolvimento de novos medicamentos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Americanos vão tratar parada cardíaca reduzindo temperatura do paciente

A partir de janeiro do ano que vem, as vítimas de parada cardíaca em Nova York serão encaminhadas aos hospitais que as possam tratar com hipotermia (redução brusca da temperatura).


A recuperação de uma vítima de parada cardíaca traz enormes desafios aos sistemas de emergência. Devem existir desfibriladores automáticos em locais de grande concentração de população. O treinamento de pessoas leigas que possam prestar atendimento básico deve ser disseminado. Além disso, é preciso coordenar sistemas de resgate avançado que possam chegar rapidamente ao local de uma parada cardíaca.


A hipotermia, que consiste na diminuição da temperatura corporal a níveis abaixo dos 35 graus Celsius, tem se mostrado eficiente na preservação das funções cerebrais de pacientes que foram recuperados de uma parada cardíaca.
Para que a medida pudesse ser implementada, a Associação dos Hospitais de Nova York estudou as evidências científicas sobre o método e estimulou os serviços de emergência a equiparem suas unidades para utilizá-lo.

Dados promissores

Em trabalhos científicos publicados na revista "The New England Journal of Medicine" a melhora das chances dos pacientes tratados com hipotermia foi significativa. Os pacientes que mais se beneficiam do tratamento hipotérmico são as vítimas de uma parada cardíaca por arritmia, revertida com uso de um desfibrilador elétrico e atendidos por uma equipe de resgate avançado a tempo.


Várias cidades do mundo tem hospitais capacitados a oferecer esse tratamento, inclusive no Brasil. A maior dificuldade é conseguir resfriar o paciente e controlar a temperatura sem variações.


O que torna essa decisão mais importante é o tamanho da cidade de Nova York e a informação de que mais de 20 centros de emergência já informaram estar capacitados a receber os pacientes a partir de janeiro de 2009. Esse é um avanço da medicina, que mostra como pesquisas científicas podem chegar ao mundo real muito rapidamente.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Efeito de placebo tem ligação com gene, indica estudo

Um estudo realizado na Suécia revelou pela primeira vez que um gene pode estar ligado ao efeito placebo, que faz com que uma pessoa se sinta melhor após tomar um remédio falso, que teoricamente não teria efeito algum.

No experimento, realizado na Universidade de Uppsala, no sudeste do país, pesquisadores pediram a 25 pessoas com um tipo de desordem psiquiátrica que se submetessem a um tratamento de oito semanas tomando um remédio inócuo.

Todas as pessoas sofriam de um medo exagerado de serem humilhadas publicamente e foram convidadas a fazer um discurso em público antes e depois do tratamento.

Em um exemplo do efeito placebo, dez das pessoas melhoraram dos sintomas no final do tratamento, mostrando menor ansiedade e uma diminuição de 3% na atividade na área do cérebro associada ao medo - as tonsilas cerebelosas.

Para verificar uma possível associação do resultado com a carga genética dos pacientes, os cientistas investigaram se eles possuíam variantes de um gene que produz uma enzima envolvida na síntese da serotonina - um neurotransmissor.

Estudos anteriores mostraram que pessoas com duas cópias de uma determinada variedade do gene - que produz a enzima cerebral triptofan hidroxilase-2 - têm menos ansiedade em testes que envolvem medo.

A conclusão dos estudiosos suecos foi de que oito das dez pessoas que melhoraram após o uso do placebo tinham as duas cópias dessa variedade do gene e nenhum dos que permaneceram iguais após as oito semanas tinha esse tipo de carga genética.


Vários efeitos placebo


A pesquisa indica que o gene pode não ter influência em todos os casos em que há placebos envolvidos. O número de pessoas analisadas também foi pequeno, o que enfraquece as conclusões.

Entretanto, essa pode ter sido "a primeira vez que alguém associou um gene ao efeito placebo", de acordo com Tomas Furmark, que liderou o estudo.

O cientista avalia que os efeitos do gene podem ser sentidos em outras situações em que as tonsilas cerebelosas estão envolvidas, como em casos de fobias ou mesmo depressão.

Ao comentar o estudo, Fabrízio Benedetti, da Universidade de Turim, na Itália, disse que está claro que "não existe apenas um efeito placebo, mas vários".

Segundo Benedetti, alguns desses efeitos ocorrem por meio dos genes, outros por meio da expectativa de algum tipo de recompensa ou compensação.

A pesquisa foi descrita na mais recente edição da revista "New Scientist".

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Fast-food pode aumentar risco de mal de Alzheimer, diz estudo

O consumo de alimentos do tipo fast-food pode elevar o risco do desenvolvimento do mal de Alzheimer, sugere um estudo sueco.

Ratos de laboratório receberam uma dieta rica em gordura, açúcar e colesterol -- representando o valor nutricional de lanches do tipo "fast food" - durante nove meses e desenvolveram alterações no cérebro associadas aos estágios preliminares da doença.

"Ao examinar os cérebros destes ratos, nós descobrimos uma mudança química que não é diferente da encontrada no cérebro com Alzheimer", disse Susanne Akterin, do Centro de Pesquisa do Mal de Alzheimer do Instituto Karolinska, em Estocolmo.

Os testes mostraram que os alimentos alteraram a formação de uma proteína chamada Tau, que forma nódulos no cérebro de pacientes com Alzheimer, que impedem o funcionamento normal das células, fazendo com que elas morram.

Akterin e sua equipe notaram ainda que o colesterol em alimentos reduziu os níveis de outra substância no cérebro, Arc, que é uma proteína ligada ao armazenamento de memórias.

"Nós suspeitamos que um alto consumo de gordura e colesterol, em combinação com fatores genéticos (...) podem afetar de maneira adversa várias substâncias no cérebro, que podem ser um fator que contribui para o desenvolvimento de Alzheimer", afirmou Akterin.

A pesquisadora disse que "os resultados dão alguma indicação de como o mal de Alzheimer pode ser prevenido, mas são necessárias mais pesquisas neste campo antes que se possa fazer um aconselhamento apropriado ao público".