Se os médicos recomendam que as mulheres providenciem perucas para a eventual queda de cabelos por conta da quimioterapia, por que não conversar sobre aspectos reprodutivos que podem estar envolvidos? Um levantamento realizado por um instituto de pesquisa da Flórida buscou avaliar como a questão é abordada durante as consultas. O resultado foi apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.
Mais de 600 oncologistas responderam ao questionário. A resposta, em princípio foi positiva: 80% disseram abordar o tema durante o tratamento. Ainda assim, menos de 25% encaminham as pacientes em idade fértil para os especialistas em reprodução. O questionário era bastante detalhado, retratando 37 diferentes aspectos referentes aos médicos e o tratamento. Apesar de a ampla maioria discutir o tema com os pacientes, algumas barreiras puderam ser detectadas.
A principal dificuldade reportada pelos médicos é a conciliação entre a necessidade do início o mais rápido possível da quimioterapia e o encaminhamento do paciente a especialistas em reprodução e eventuais providências nesse campo. Apesar de existirem diretrizes de associações científicas com relação ao tema, os médicos americanos não as seguem totalmente. O índice de conhecimento sobre essas diretrizes é de apenas 38%.
Ainda existe outra barreira levantada pelos pesquisadores: é o custo envolvido nos tratamentos de preservação da fertilidade que irão se somar aos custos do próprio tratamento e suas conseqüências.
Outro trabalho apresentado no mesmo congresso constatou que não existe um padrão de cobertura para esses tratamentos pelas diferentes companhias seguradoras e planos de saúde. Mesmo no aspecto regulatório, nos Estados Unidos, as legislações são predominantemente estaduais, o que ainda dificulta ainda mais uma padronização de procedimentos pelos oncologistas e especialistas em reprodução.
A pesquisa mostra que os avanços nas oportunidades de tratamento quimioterápico traz novos desafios, como o da preservação da fertilidade dos pacientes mais jovens, não só mulheres como também homens. Devemos lembrar que não só os tumores podem atingir o aparelho reprodutivo diretamente como os tratamentos de tumores de outras localizações podem afetar a capacidade reprodutiva masculina.
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