segunda-feira, 20 de abril de 2009

Uso da pílula pode comprometer o resultado da malhação, diz médico

Pesquisadores da Universidade do Texas demonstraram o efeito do uso da pílula sobre o treinamento das meninas.

O efeito foi observado após 10 semanas de treino, onde as usuárias dos contraceptivos apresentaram um ganho muscular 40% menor, quando comparado às que não usavam o hormônio.

As mulheres que participaram da pesquisa tinham em torno de 20 anos de idade, medidas corporais e histórico de treinamento físico prévio semelhantes.

Nos treinos, que se repetiam três vezes por semana, faziam 13 tipos diferentes de exercícios com de 6 a 10 repetições, com 75% da força máxima.

Durante o período de acompanhamento as moças tinham sua massa magra avaliada através de pesagem hidrostática. Além das medidas, eram colhidas amostras de sangue para dosagens hormonais.

As usuárias da pílula apresentavam níveis de hormônios anabólicos naturais, fator de crescimento e cortisol significativamente mais baixos, o que pode explicar as diferenças do ganho muscular.

A mesma pesquisa mostrou que o efeito sobre os músculos depende do tipo de pílula que a mulher utiliza. A composição hormonal das fórmulas que estão no mercado são variadas e têm efeitos diversos.

O ideal é que a escolha da pílula seja feita apos uma consulta com seu ginecologista sobre o medicamento ideal para seu caso.

domingo, 19 de abril de 2009

Drogas aumentam em até dez vezes chance de esquizofrenia se manifestar

A história de um personagem da novela Caminho das Índias provoca curiosidade sobre uma doença mental cercada por tabus e incompreensões, a esquizofrenia. Segundo especialistas, jovens que fazem uso de drogas, como a maconha, têm dez vezes mais chances de ter a doença, se já forem predispostos.


Para saber como a esquizofrenia se manifesta, o Fantástico conversou com o músico Hamilton, que é vocalista de uma banda e portador da doença. Foi ele que inspirou o personagem Tarso, da novela Caminho das Ìndias.

"Estou vivendo no mundo do hospital, tomando remédio de psiquiatria mental", contou ele. “A esquizofrenia, não sei se com outras pessoas acontece, mas dói o coração. Você sente dor no coração”. Hamilton lembra que o problema traz sensação de vazio e irritabilidade.

Delírios e alucinações

Para conseguir captar o sentimento de quem sofre com a esquizofrenia, o ator Bruno Gagliasso, que interpreta Tasso, visitou vários centros de saúde mental. “Meu estudo foi com a realidade. Foi com o que acontece, dentro dos institutos, conversando com quem tem esquizofrenia, conversando com psiquiatras, foi vendo a verdade e ouvindo a verdade.”

Hoje, no Brasil, 1,5 milhão de pessoas têm esquizofrenia. “É uma doença em que o indivíduo passa a ter sintomas do tipo delírios e alucinações. Além disso, elas começam a ter um retraimento social, evitam contato com seus amigos ou familiares”, explica o professor de Psiquiatria da Unifesp, Rodrigo Bressan.

“Eu achava que a televisão se comunicava comigo, havia troca telepática nos programas que eram feitos exclusivamente pra mim, eu achava que as revistas tinham códigos, mensagens cifradas”, contou José Alberto Orsi, portador da doença.

O cérebro de quem tem esquizofrenia sofre uma alteração química. Os neurônios liberam grande quantidade de uma substância chamada dopamina, e a pessoa começa ter alucinações, como ouvir vozes. A ciência já provou que, quando o paciente diz ouvir vozes, ele realmente ouve. Durante os surtos, áreas cerebrais ligadas à audição são ativadas.

Ninguém está livre de desenvolver a doença, que se manifesta principalmente entre 17 e 30 anos de idade. “Você não precisa ter um pai ou um irmão com esquizofrenia pra você ter a doença. Em geral, os episódios ou surtos agudos da doença estão associados a um stress muito grande ou uso de substâncias químicas que geram stress dentro do cérebro, como por exemplo, drogas que causam dependência, em especial a cocaína, a maconha, anfetamina”, explica Bressan.

“Atualmente, está muito claro que usar maconha, principalmente usar maconha mais cedo, antes dos 15 anos, está associado a desenvolver esquizofrenia. Para aqueles indivíduos predispostos geneticamente e que usam maconha, aumenta em até 10 vezes o risco de desenvolver esquizofrenia”, diz o professor.

Identificação nas escolas

Um trabalho pioneiro começou a ser feito nas escolas públicas: psiquiatras e psicólogos da Universidade Federal de São Paulo estão treinando os professores para identificar adolescentes com sintomas da doença.

“O adolescente tem características que são próprias, às vezes é agitado, às vezes é depressivo, quer ficar no quarto, isso é normal. Em uma gama de alunos, você consegue perceber aquele que é mais agitado além do normal do adolescente. O pai não percebe porque pra ele o filho é maravilhoso, é tudo de bom, ele não vai enxergar, mas o professor, perto dele tem 50, então ele vai perceber um que é diferente, vai conseguir perceber melhor do que o pai”, analisa a professora Eliana Peres.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nos EUA, mulher quase perde a perna por comer fruta demais

O ditado que diz que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose foi confirmado mais uma vez, com um caso no mínimo estranho. Nos Estados Unidos, uma mulher de 42 anos quase perdeu uma perna pelo consumo excessivo de uma fruta -- no caso específico, toranjas (grapefruits), um parente próximo da laranja. A história mais parece um episódio da série de TV "House", mas realmente aconteceu.

Tudo aconteceu em novembro do ano passado. A mulher, não identificada, deu entrada no pronto-socorro do Providence St. Peter Hospital, em Olympia, estado de Washington, com dificuldade para andar e respirar, somada a dores lombares.

Ela tinha acabado de passar por uma viagem de carro de uma hora e meia. Era ligeiramente obesa, segundo os médicos que a examinaram, e falava de uma dor que começava em sua nádega esquerda e descia pela perna. Algumas horas mais tarde, a região começou a ficar roxa.

Um exame revelou que ela tinha um quadro de trombose -- o surgimento de um grande coágulo que interrompia o fluxo de sangue -- avançando rapidamente numa veia da perna. O problema corria o sério risco de levar a uma gangrena, o que fatalmente teria obrigado cirurgiões a fazer a amputação do membro.

Imagem mostra coágulo na veia da perna (Foto: Divulgação)

Lucinda Grande e Raul Mendez, os médicos que acompanhavam a paciente, colocaram um cateter para desobstruir a veia e iniciaram medicação -- além de recomendar que ela interrompesse seu anticoncepcional, pois estrógeno aumenta levemente o risco de coágulos.

Um teste genético mostrou que ela tinha uma mutação que também aumentava o risco de coágulos. Mas a descoberta mais surpreendente veio do histórico da paciente. Ela havia iniciado, três dias atrás, uma dieta agressiva, que previa o consumo de 225 gramas diárias de toranja no café-da-manhã.

A toranja possui uma substância que encoraja a produção, no organismo, de etinil-estradiol, que por sua vez também encoraja a formação de coágulos. Para Grande e Mendez, essa pode ter sido a gota d'água.

"Nossa paciente tinha uma constelação de potenciais fatores de risco para trombose venosa", afirmam os médicos, em seu relatório de caso, publicado na prestigiosa revista médica "The Lancet". "O estado hipercoagulador ampliado, por conta do aumento da concentração de etinil-estradiol por conta de seus três dias de toranjas para café-da-manhã pode muito bem ter perturbado o equilíbrio."

Após o tratamento, a mulher teve uma recuperação total. Mas, depois disso, é certo que ela vai ficar bem longe das toranjas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Exame de DNA pode tornar Papanicolau desnecessário, sugere estudo

Um novo teste de DNA para o vírus capaz de causar o câncer cervical apresentou desempenho tão superior aos métodos atuais que alguns ginecologistas esperam que ele eventualmente substitua o Papanicolau, nos países ricos, e exames mais “crus” em países pobres.

O novo teste do vírus do papiloma humano, ou HPV (do inglês "human papillomavirus"), pode não apenas salvar vidas. Cientistas dizem que as mulheres acima dos 30 anos poderiam deixar de lado o exame Papanicolau anual para realizar o teste de DNA apenas uma vez a cada três, cinco ou até dez anos, dependendo do especialista consultado.

Seu otimismo é baseado num estudo de oito anos realizado com 130 mil mulheres na Índia, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates e publicado na semana passada no periódico médico "The New England Journal of Medicine". A pesquisa é a primeira a mostrar que um único exame com o teste de DNA supera todos os outros métodos capazes de evitar o avanço do câncer e a morte.

O estudo é “outro prego no caixão” do Papanicolau, que “logo será de interesse principalmente histórico,” disse Paul D. Blumenthal, professor de ginecologia da escola de medicina de Stanford, que testou técnicas de exames na África e Ásia e não estava envolvido na pesquisa.

Efetividade

Entretanto, a adoção do novo teste dependerá de muitos fatores. Um deles inclui o medo dos ginecologistas em abandonar o Papanicolau, até hoje extremamente efetivo. O câncer cervical foi uma das principais causas de mortes de mulheres nos anos 50. Hoje ele mata menos de 4.000 pessoas por ano.

Em países de baixa e média renda, onde o câncer mata mais de 250 mil mulheres anualmente, o custo é um fator. Todavia, o fabricante do teste, Qiagen, financiado pela Fundação Gates, desenvolveu uma versão de cinco dólares. Este preço pode cair ainda mais, caso haja pedidos suficientes, explicou a companhia.

“As implicações da descoberta desse exame são imediatas e globais”, escreveu Mark Schiffman, do Instituto Nacional do Câncer, num editorial que acompanha o estudo. “Peritos internacionais em prevenção do câncer cervical agora deveriam adotar o teste HPV.”

Atualmente, existem enormes distâncias entre a forma de examinar em países ricos e pobres.

O criador

No ocidente, as mulheres fazem exames com o nome de seu inventor, Georgios Papanikolaou. Células são “raspadas” do cérvix (colo do útero) e enviadas a um laboratório. Lá elas são manchadas e inspecionadas no microscópio por um patologista em busca de anormalidades. Os resultados podem demorar dias.

O teste de DNA também precisa de raspas cervicais, mas elas são misturadas a reagentes e lidas por uma máquina.

Em países pobres, a maioria das mulheres não realiza exames de rotina. É a dor que as leva a um hospital. Nesse estágio, geralmente já é tarde demais.

Todavia, em alguns países as mulheres fazem a “visualização”, realizada pioneiramente na década passada com o apoio da Fundação Gates. Nesse processo, um médico olha o cérvix com uma lanterna e o esfrega com vinagre. Manchas que se tornarem brancas podem ser lesões pré-cancerosas. Elas são imediatamente congeladas e retiradas. Diagnóstico e tratamento exigem apenas uma vista.

Problemas em países pobres

O exame Papanicolau falha no Terceiro Mundo porque há poucos patologistas experientes e porque as mulheres, que deveriam retornar ao consultório, muitas vezes não o fazem.

O estudo indiano, iniciado em 1999, dividiu 131.746 mulheres saudáveis de 497 vilarejos – com idades entre 30 e 59 anos – em quatro grupos. Um deles, o de controle, recebeu o tratamento típico de clínicas rurais: aconselhamento para ir a um hospital caso desejassem se examinar. O segundo fez o Papanicolau. O terceiro recebeu a visualização com lanterna e vinagre. Por fim, o último fez o teste de DNA – na época realizado pela Digene, hoje propriedade da Qiagen. A empresa não fez doação ou pagou pelo estudo, segundo seus autores.

Após oito anos, o grupo de visualização tinha aproximadamente as mesmas taxas de avanço de câncer e mortes quando comparadas aos do grupo controle. O grupo Papanicolau tinha cerca de três quartos das taxas. Já o do teste de DNA tinha cerca da metade.

Significativamente, nenhuma das mulheres com resultado negativo em seu teste de DNA morreu de câncer cervical. “Logo, se você tiver um teste negativo, você estará bem por muitos anos”, disse Blumenthal.

O principal autor do estudo, Rengaswamy Sankaranarayanan da International Agency for Research on Cancer em Lyon, na França, disse: “Com este teste, você pode começar a examinar mulheres aos 30 anos e repetir o exame somente a cada 10 anos”.

Questionada se esse conselho se aplicaria aos Estados Unidos, a Debbie Saslow, diretora de câncer ginecológico da American Cancer Society, respondeu, “Absolutamente não”.

“Um teste negativo significaria que a probabilidade de uma mulher desenvolver câncer é pequena, e não nula”, acrescentou a doutora. “Mas se ele houvesse dito cinco anos, eu não teria uma reação tão forte.”

Exames de rotina

Desde 1987, ainda segundo a médica, a sociedade de câncer e o American College of Obstetricians and Gynecologists recomendam a realização de Papanicolau apenas a cada três anos, após um teste inicial negativo. Em 2002, eles recomendaram também o teste HPV. A partir de então, amontoam-se evidências de que o Papanicolau pode ser abandonado.

“Todavia não conseguimos a aceitação dos médicos”, disse Salsow. “Os ginecologistas medianos, especialmente os mais velhos, dizem, ‘As mulheres vêm para fazer seu Papanicolau, e, assim, as trazemos aqui para realizar outros tratamentos’. Estamos realizando exames desnecessários, mas quando você passa 40 anos dizendo a todo mundo que faça um Papanicolau, fica difícil mudar.”

Sankaranarayanan disse que a maior parte dos países europeus recomenda exames a cada três ou cinco anos, e muitos não começam antes dos 30 anos de idade.

O câncer cervical é causado por algumas das 150 lesões do vírus do papiloma humano. As mulheres sofrem os danos assim que começam a ter relações sexuais – entretanto, mais de 90% dos casos desaparecem espontaneamente dentro de dois anos. Testes precoces de DNA encontrariam esses casos, mas também levariam a tratamentos desnecessários. Então, para mulheres entre 20 e 30 anos, os médicos muitas vezes solicitam exames repetidos de Papanicolau, algo caro, mas que pode detectar a pequena minoria de cânceres capazes de se desenvolverem em menos de 15 anos.

“Os Estados Unidos têm amplos recursos e baixa tolerância a riscos”, explicou Schiffman, enquanto alguns países, como a Índia, têm pouco dinheiro e são forçados a tolerar os riscos.

Jan Agosti, funcionário da Fundação Gates e inspetor dos exames preventivos no Terceiro Mundo, disse que o novo teste de cinco dólares da Qiagen – já comprovado por um estudo de dois anos realizado na China – funciona a bateria, sem água ou refrigeração, e demora menos de três horas. Em países onde as mulheres são “mais tímidas em relação a exames pélvicos”, ela acrescentou, o teste também funciona “razoavelmente bem” em limpezas vaginais que elas podem realizar sozinhas.