Pesquisadores dinamarqueses descobriram que estatinas, drogas amplamente usadas para controlar o colesterol, podem ter outro efeito benéfico: diminuir o risco de morte por pneumonia.
Cientistas examinaram registros médicos de 29 mil pacientes dinamarqueses hospitalizados por pneumonia durante um período de seis anos. Usando bases de dados regionais de prescrição médica, eles descobriram 1.372 pessoas que receberam prescrições de estatinas no período de quatro meses após dar entrada no hospital. Então, os pesquisadores calcularam as taxas de mortalidade para usuários e não-usuários de estatina.
Após controlar fatores como idade, sexo, doenças cardíacas, derrames, doenças pulmonares, diabetes e outros 15 distúrbios, eles descobriram que entre os usuários de estatina as chances de morte foram reduzidas em 31% nos primeiros 30 dias após a entrada no hospital e em 25% em 90 dias.
O estudo, publicado em 27 de outubro no "The Archives of Internal Medicine", inclui um grande número de pacientes e registros bastante precisos de diagnósticos, datas de alta hospitalar e uso de estatina, o que traz ao estudo uma força considerável.
Investigações anteriores sobre os efeitos das estatinas na pneumonia produziram resultados diversos, e as razões para os resultados dinamarqueses não estão claras. Um artigo publicado junto com o estudo sugere que as drogas modificam a produção de certas proteínas que causam a resposta inflamatória.
Essas mesmas proteínas também podem ser usadas por bactérias para ajudá-las a entrar nas células e se reproduzirem. Ao diminuir a produção dessas substâncias, as estatinas podem reduzir o número de bactérias que podem entrar nas células.
Antiinflamatório
Um estudo publicado online em 9 de novembro no "The New England Journal of Medicine" sugere que as propriedades antiinflamatórias das estatinas podem ser úteis na diminuição do risco de doenças cardíacas, derrame e morte até em pacientes com colesterol baixo.
A idade média dos usuários de estatina no estudo dinamarquês era de 73 anos e mais de 60% tomavam simvastatina, uma droga vendida nos Estados Unidos como Zocor.
Os usuários de estatina podem ser uma população em geral mais saudável que teve melhores cuidados preventivos do que não-usuários, e, portanto, teriam mais chances de sobreviver à pneumonia em qualquer caso. Mas, como afirmam os autores, o sistema de saúde universal da Dinamarca faz com que essa conclusão seja pouco plausível.
Ainda assim, Reimar W. Thomsen, autor responsável pelo estudo, recomendou cuidado na interpretação da descoberta. "Nossos resultados mostram que a chance de sobrevivência à infecção pode ser melhor se você já está tomando estatinas", afirmou, "mas é muito cedo para fazer recomendações em relação ao uso de estatinas para prevenir infecção. Só se deve tomar estatinas para as indicações atuais." Thomsen é professor clínico associado de epidemiologia do Hospital Universitário Aarhus, em Aalborg, Dinamarca.
Outros especialistas acharam o trabalho convincente. "Esse é um estudo rigoroso", disse Eric M. Mortensen, que já conduziu pesquisas na mesma área.
"O estudo solucionou alguns dos problemas de trabalhos anteriores, eu concordo com suas conclusões", disse Mortensen, professor assistente de medicina do Health Science Center da Universidade do Texas em San Antonio, que não esteve envolvido no estudo dinamarquês.
O governo dinamarquês financiou o estudo e não houve nenhum envolvimento da indústria farmacêutica.
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