Apesar do cuidado na previsão exercido por muitos cientistas, o pesquisador brasileiro Nestor Schor, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acredita que os estudos com células-tronco devem render aplicações médicas em questão de poucos anos. “Eu sou otimista. O mundo todo está se voltando para isso. O número de pesquisadores envolvidos é enorme. O esforço, a excitação, a vontade, a surpresa dos bons resultados é tamanha que muita gente está envolvida. Realmente acho que esse esforço mundial deve resultar em aplicações em breve”, afirmou Schor.
O pesquisador organizou nesta semana o 3º Simpósio Multidisciplinar sobre Células-Tronco na Unifesp, que reuniu pesquisadores de diversas universidades brasileiras. Ali, os cientistas discutiram os avanços das pesquisas na área e os desafios a serem vencidos.
“As experiências estão em nível animal. Para que isso passe para o homem, tem etapas muito importantes, etapas de segurança”, explica Schor. “São células que podem se transformar em uma porção de tecidos. Se você tem uma doença no rim, tenho que ter certeza que elas vão corrigir o rim, que não vão corrigir outras coisas ou interferir em outras coisas. E isso a gente ainda não sabe controlar”, diz o pesquisador.
“Outro problema importante é que elas se multiplicam muito e a gente precisa controlar essa multiplicação. Ainda existem etapas muito importantes e muito difíceis antes de passar para humanos”, explica Schor.
“Acho que [isso acontecerá] em poucos anos. Os mais céticos acham que vai demorar décadas”, afirma ele. “Já está se aplicando em algumas coisas: no coração, vai começar para doenças renais, diabetes, doenças musculares. Já está começando um início de aplicação clínica, mas muito cauteloso, com muito cuidado para que a gente não cause problemas graves e destrua a credibilidade dessas experiências”, afirma.
O pesquisador também criticou o atraso nas pesquisas brasileiras no setor, causado pela proibição no uso de células embrionárias, que perdurou até maio deste ano. “O atraso foi enorme”, critica. “As células-tronco são maravilhosas, se transformam em qualquer tecido e qualquer órgão. Resta nós sabermos trabalhar com elas. Elas podem fazer um novo rim, um novo coração, um novo fígado. Isso vai salvar milhares e milhares de pessoas”, acredita.
Rim
Nestor Schor orientou um trabalho de doutorado realizado na Unifesp e apresentou seus resultados no Simpósio. Nele, em testes feitos em células animais, as alunas Luciana Reis e Fernanda Borges usaram as células-tronco para recuperar um rim danificado pelo uso de um antibiótico. “A gente usa o antibiótico, machuca o rim, daí a gente dá célula-tronco e o rim fica bonzinho”, conta Shor.Se a mesma coisa for possível em seres humanos, a técnica pode evitar a necessidade de um transplante. “O transplante simplesmente faz com que o novo rim funcione, mas ele vai ser rejeitado a longo prazo”, explica o cientista.
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