terça-feira, 18 de agosto de 2009

A liberdade de acesso ao Tamiflu e o risco de resistência do H1N1

A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro protocolou na última semana ações judiciais relacionadas às políticas implantadas pelo Ministério da Saúde na gestão do medicamento indicado para tratamento da nova gripe.

As ações buscam, entre outras coisas, a liberação da venda do medicamento nas farmácias e sua distribuição aos hospitais públicos e privados. Outro ponto discutido pelos promotores era o direito à prescrição do medicamento por qualquer médico devidamente identificado.

Esse primeiro aspecto já foi resolvido pelo Ministério da Saúde, que orientou a liberação por meio de prescrição e do preenchimento de um formulário específico.

Mas vamos tentar esclarecer a necessidade de controle do Tamiflu durante essa crise que estamos vivendo.

A utilização sem controle de medicamentos tem repercussões na saúde de quem os usa e na saúde de toda sociedade.

Em um país onde o controle do varejo de medicamentos é no mínimo irregular, a atitude do ministério de centralizar a distribuição do medicamento pode até parecer autoritária.

Porém, essa determinação pode nos poupar o dissabor de ver aparecer no Brasil uma cepa, isto é, um tipo, resistente ao antiviral.

Cepas resistentes do influenza A (H1N1) já foram isoladas em três países do mundo. Na fronteira entre o México e os Estados Unidos pelo menos outros três casos estão em avaliação.

Portanto, a população deve procurar seguir as orientações das autoridades sanitárias e fazer a sua parte lavando as mãos frequentemente, evitando aglomerações e, se estiver gripado, ficando em casa.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Estudo recomenda musculação para mulheres com linfedema

Estudo publicado na revista “The New England Journal of Medicine” mostra que musculação não é mais tabu para quem ficou com linfedema após tratar um câncer de mama. O linfedema é um inchaço do membro superior no lado que foi operado. Trata-se de um efeito colateral bastante comum desse tipo de tratamento.

A causa é a dificuldade de circulação da linfa, líquido que circula entre os linfonodos. A cirurgia de remoção do tumor de mama algumas vezes envolve a retirada desses linfonodos para detecção e prevenção de metástases.

O inchaço piora se a mulher carrega peso ou faz algum esforço maior com aquele braço. O linfedema traz desconforto e dor, daí as mulheres que passaram pelo tratamento evitarem utilizar o braço nas atividades do dia a dia.

Por tudo isso, a musculação sempre foi evitada pelas pacientes no pós-tratamento. Mas a atividade física traz benefícios físicos e psíquicos comprovados na recuperação dessas mulheres. A boa notícia é que a pesquisa mostra que a musculação também pode fazer parte da rotina dessas mulheres.

Foram mais de 140 mulheres que haviam sido submetidas ao tratamento para câncer de mama. Metade fez um ano de academia e entrou em um programa de treinamento com musculação dirigida por professores orientados para o problema.

O programa envolvia duas sessões de treinamento por semana com musculação para todo o corpo, exercícios cardiovasculares e alongamento. O único cuidado especial com as participantes era a utilização de uma malha compressiva feita sob medida para evitar o inchaço.

A circunferência dos braços era medida a cada sessão de treinos. Após um ano de exercícios, as participantes do grupo da academia tinham 5% menos problemas com inchaço e linfedema.

Os pesquisadores apontam para a necessidade de que os professores de educação física estejam preparados para atender as mulheres que precisaram se submeter ao tratamento para câncer.

Quase metade dos medicamentos é usada irracionalmente em todo o mundo

Foto: Tony Cenicola/The New York Times

Foto: Tony Cenicola/The New York Times

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, a agência de saúde pública das Nações Unidas), quase metade dos medicamentos consumidos no mundo está sendo utilizada de maneira irracional. Essa é a conclusão a que chegaram os especialistas da entidade após coleta e análise de dados sobre a utilização e a disponibilidade dos remédios globalmente.

Os exemplos de utilização inadequada são vários: “supertratamento” de doenças simples, mau uso dos antibióticos, automedicação, tratamentos incompletos ou tratamento incorreto de doenças sérias. Importante lembrar que esses fatos ocorrem em todos os países e não só nos menos desenvolvidos.

Atualmente existem mais de 20 mil medicamentos diferentes disponíveis e com apenas 316 a humanidade poderia tratar as doenças mais importantes, entre as quais as enfermidades crônicas.

Os dados são impressionantes:

  • Em torno de 50% dos antibióticos utilizados no mundo são subutilizados ou utilizados sem indicação.

  • Nos Estados Unidos os efeitos adversos decorrentes do uso inadequado de medicamentos é uma das seis causas mais importantes de morte.

A utilização errada dos antibióticos está levando à criação de bactérias resistentes e já tornou, por exemplo, o protozoário causador da malária resistente a cloroquina (medicamento padrão de tratamento) em 80 países. A penicilina não é mais capaz de curar a gonorréia em 98% dos casos.

Nos dias de hoje a discussão sobre o surgimento de formas resistentes do vírus influenza A (H1N1) aponta para o uso irracional do antiviral como a causa dos primeiros casos de resistência já identificados.

A tuberculose é outra doença que, depois de ressurgir há pouco mais de 2 décadas com a epidemia de HIV/Aids, vem mostrando formas resistentes que desafiam a medicina, frutos da utilização incompleta do tratamento.

O tema por si só é importante, porém quando lembramos que estão em jogo o sofrimento de pessoas e o uso de recursos financeiros escassos para a saúde, o uso irracional de remédios torna-se problema de saúde pública e deveria ser amplamente discutido pela sociedade.

domingo, 16 de agosto de 2009

Pesquisa do Instituto Butantan usa saliva de carrapato-estrela contra câncer

Foto: Instituto Butantan

Da saliva do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) podem sair novos medicamentos contra o câncer, além de anticoagulantes. (Foto: Instituto Butantan)

Da saliva do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), a ciência conhece apenas os efeitos nocivos. A febre maculosa, doença muitas vezes fatal, é transmitida pela picada do aracnídeo. Da mesma substância, porém, podem sair novos medicamentos contra o câncer, além de anticoagulantes. Há seis anos, pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, trabalham no desenvolvimento de uma droga que possa ser utilizada com as duas finalidades. O prognóstico é animador.

A pesquisa – ainda não publicada – foi um dos destaques no 22º Congresso Internacional da Sociedade de Trombose e Hemostasia, realizado em Boston (EUA), em julho. “Imaginávamos que a saliva do carrapato tivesse algum componente que inibe a coagulação, pois, como hematófago, precisa manter o sangue fluindo para se alimentar”, explica a farmacêutica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, coordenadora do estudo.

Partindo dessa suspeita, a pesquisadora analisou a sequência de genes da glândula salivar do carrapato, responsável pela produção de uma proteína anticoagulante. Os resultados foram comparados à ação de anticoagulantes conhecidos como TFPI (presentes na saliva humana). A conclusão foi que a proteína presente na saliva poderia ser produzida em laboratório. Um pedaço do DNA analisado foi introduzido em bactérias Escherichia coli que passaram a secretar a mesma proteína. “Elegemos esse clone e produzimos a proteína recombinante”, explica Ana Marisa.

O resultado do estudo transformou-se em um pedido de patente, depositado em 2004, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). No entanto, em pouco tempo, Ana Marisa descobriu que a pesquisa renderia mais do que um futuro anticoagulante.

Fatal para tumores, inofensivo para células normais
Testando a proteína em células de vaso sanguíneo para medir seu nível de toxicidade, descobriu-se que a substância é segura para células saudáveis, mas fatal para células tumorais. O experimento foi então extendido a camundongos que tiveram melanomas (câncer de pele) induzidos, e o resultado surpreendeu os pesquisadores.

Proteína tem atividade altamente citotóxica para células tumorais. (Foto: Instituto Butantan)

Tratados durante 42 dias com a proteína, os tumores dos camundongos apresentaram reversão completa. “Testamos em culturas de células tumorais e a surpresa foi positiva, pois a proteína tem atividade altamente citotóxica para elas e não para células normais”, explica Ana Marisa.

Algumas das explicações que os cientistas buscam agora são como funciona a ação pró-coagulante de alguns tipos de tumores – como o melanoma e o de pâncreas – e a inibição de mecanismos de divisão celular. “Essa relação é um grande achado, pois quando você retira sangue desses tumores pode ver ele coagular ainda na seringa”, diz a pesquisadora do Butantan.

Interesse da indústria x burocracia
O estudo segue em fase pré-clinica, ou seja, ainda passará por mais testes antes de ser aprovado para experimento em humanos, mas já despertou o interesse da indústria farmacêutica. Os laboratórios BioLab, Aché e União Química formaram um consórcio para a produção de futuros medicamentos que podem surgir a partir da descoberta.

Ana Marisa, no entanto, não demonstra otimismo. Segundo ela, o entrave burocrático para transformar a pesquisa de base em um produto desistimula os cientistas e impede que novos medicamentos cheguem ao mercado. “O Instituto Butantan não tem autonomia para assinar patentes e o processo burocrático é longo”, afirma. “Por outro lado, a indústria questiona por que investir em algo que não tem segurança jurídica.”

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pesquisa mostra que depressão aumenta risco de doença cardíaca em mulheres

As mulheres que apresentam um quadro de depressão após os 50 anos têm um risco maior de sofrer do coração mesmo quando não têm, previamente, os fatores de risco tradicionais para as doenças cardiovasculares.

O estado depressivo já foi ligado às doenças cardíacas nos homens, porém o impacto das alterações psíquicas na saúde cardiológica das mulheres nunca havia sido estudado até agora. A descoberta está baseada na análise de dados de uma ampla pesquisa realizada pelo governo americano, voltada para a saúde das mulheres.


Durante quatro anos, em média, os pesquisadores estudaram mais de 90 mil mulheres, que foram avaliadas para presença de depressão no início do estudo e quanto ao aparecimento de doenças cardíacas e sua relação. Os resultados mostraram que as mulheres que tinham um diagnóstico de depressão ao entrar na pesquisa mostraram também 50% mais chance de desenvolver doenças cardiovasculares.


Mesmo quando eram levados em conta os fatores de risco para doenças cardíacas, a depressão estava ligada a um risco aumentado de ter um infarto ou acidente vascular cerebral. A importância dessa pesquisa está no fato de que a depressão pós-menopausa é muito comum e muitas vezes negligenciada pelas mulheres e infelizmente por seus médicos. A identificação dos sintomas depressivos e seu tratamento adequado podem diminuir a ocorrência de eventos vasculares cardíacos e cerebrais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Garoto que 'não tem fome' se alimenta por tubo no estômago

Foto: BBC Foto: BBC

O pequeno Joe Bell (Foto: BBC)

A família de um garoto britânico de dois anos que nasceu com uma disfunção rara - a falta quase total de apetite - está fazendo uma campanha para tentar conscientizar outras pessoas sobre o problema.

O garoto Joe Bell, de Aspatria, no condado de West Cumbria, norte da Inglaterra, tem hiperinsulinismo congênito, decorrente da produção excessiva do hormônio insulina pelo pâncreas. Com isso, os níveis de açúcar no corpo caem a "níveis perigosos". A disfunção pode ser fatal. A família diz que precisa alimentá-lo três vezes ao dia através de um tubo no estômago, porque um dos efeitos colaterais do hiperinsulinismo congênito é "praticamente" uma ausência de fome.

"Desde o primeiro momento em que nasceu, ele nunca se interessou pela amamentação", disse a mãe de Joe, Vicky Bell. "Depois de algumas horas no hospital, os níveis de açúcar no sangue dele foram testados e eram praticamente imperceptíveis." Vicky contou à BBC sobre a dificuldade de alimentar seu filho, e como os médicos chegaram à conclusão de que o tubo estomacal era a melhor solução.

"Nos primeiros dez meses depois que saímos do hospital, ele tinha um tubo que descia pelo nariz até o estômago para alimentá-lo, porque simplesmente não tinha fome", relatou. "Mas ele continuava tirando o tubo, por isso os médicos acharam melhor que o tubo passasse pela barriga." Segundo Vicky, "agora tudo é muito natural, e Joe aceita tudo que fazemos".

Esperança
A mãe disse que, hoje em dia, Joe já está se acostumando a, simplesmente, engolir a comida, mesmo que não tenha fome. Ela tem esperança de que o filho "se livre" do problema no futuro.

Vicky organizou um evento, a ser realizado em agosto, para levantar recursos para o Children's Hyperinsulinism Fund, que financia a pesquisa e promove a troca de informações sobre o hiperinsulinismo na Grã-Bretanha. Joe está sendo tratado em dois hospitais diferentes, o Great Ormond Street, em Londres, e o Royal Manchester.

A enfermeira especialista do hospital infantil de Manchester, Linsey Rigby, disse que o hiperinsulinismo é "controlável" com o paciente em casa, mas que achar uma solução pode requerer "um longo período no hospital, para que os médicos encontrem a melhor maneira de gerenciar a condição da criança".

"Talvez seja necessária uma cirurgia ou talvez a criança tenha de tomar uma série de medicamentos em casa", ela afirmou. "Mas é pedir demais que os pais administrem toda a medicação que prescrevemos."

domingo, 5 de julho de 2009

Transmissão da nova gripe pode ser mais lenta do que a da gripe normal

Em meio ao temor crescente envolvendo o avanço da nova gripe, uma boa notícia: ao menos por enquanto, a nova versão do vírus H1N1 é relativamente "lerda", tendo dificuldade para invadir as células do sistema respiratório humano. Perto de outros vírus da gripe, ele ainda não "sabe" realizar esse truque com muita eficiência.

Foto: Divulgação

Estrutura característica da 'carapaça' do vírus (Foto: Divulgação)

A conclusão é de uma equipe conjunta do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, em artigo na revista especializada "Science" desta semana. A análise molecular do novo vírus, bem como o estudo de sua dinâmica de transmissão entre cobaias, trouxe um certo alívio.

Ram Sasisekharan e seus colegas do MIT verificaram que o novo H1N1 tem alguma dificuldade para se ligar aos receptores ("fechaduras" químicas que servem de porta para o vírus) do trato respiratório. Além disso, em experimentos com furões -- mamíferos cuja infecção pelo vírus é muito parecida com a humana --, a transmissão da doença também se mostrou ineficiente, em especial quando os bichos não estavam muito próximos uns dos outros.

Embora as conclusões sejam animadoras, os pesquisadores alertam que é preciso continuar monitorando o vírus, uma vez que novas mutações podem tornar sua transmissão mais eficiente.

sábado, 27 de junho de 2009

Estudo mostra peso negativo do consumo de álcool para a saúde mundial

Foto: Reprodução

Bebida recreativa é, infelizmente, apenas um dos lados da moeda (Foto: Reprodução)

Embora o uso de álcool ainda seja muito aceito e até incentivado socialmente no mundo todo, seus efeitos negativos para a saúde são, em geral, tão ruins quanto os do cigarro. Uma em cada 25 mortes no planeta podem ser atribuídas ao seu consumo, de acordo com uma pesquisa publicada nesta semana na revista médica "Lancet", quantificando o impacto global da bebida sobre a saúde humana.

Ainda de acordo com a pesquisa, coordenada por Jürgen Rehm, do Centro de Estudos sobre Vício e Saúde Mental de Toronto (Canadá), 5% dos anos de vida com algum tipo de de deficiência planeta afora também estão relacionados com o consumo de álcool. Quanto maior o consumo médio, maior o risco de problemas de saúde, e o efeito é ainda maior em populações pobres e marginalizadas.

Os pesquisadores também avaliam que, apesar dos aparentes efeitos benéficos para a saúde ligados ao consumo constante e moderado de álcool, o saldo da bebida é muito mais negativo do que positivo, em especial entre os homens.


Além de doenças diretamente relacionadas ao álcool, como problemas de fígado, alguns dos males ligados à bebida são tumores de boca, garganta, do cólon e do reto, de mama; depressão, derrames; além de acidentes de trânsito e violência, entre outros.


O consumo médio per capita no mundo é de 6,2 litros de etanol puro por ano, com valores próximos de 12 litros anuais na Europa, os campeões da bebedeira. Na antiga União Soviética o caso é o mais dramático: 15% das mortes estão associadas ao alcoolismo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Estudo mostra dificuldade de abordar questão reprodutiva na terapia do câncer

Se os médicos recomendam que as mulheres providenciem perucas para a eventual queda de cabelos por conta da quimioterapia, por que não conversar sobre aspectos reprodutivos que podem estar envolvidos? Um levantamento realizado por um instituto de pesquisa da Flórida buscou avaliar como a questão é abordada durante as consultas. O resultado foi apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.


Mais de 600 oncologistas responderam ao questionário. A resposta, em princípio foi positiva: 80% disseram abordar o tema durante o tratamento. Ainda assim, menos de 25% encaminham as pacientes em idade fértil para os especialistas em reprodução. O questionário era bastante detalhado, retratando 37 diferentes aspectos referentes aos médicos e o tratamento. Apesar de a ampla maioria discutir o tema com os pacientes, algumas barreiras puderam ser detectadas.


A principal dificuldade reportada pelos médicos é a conciliação entre a necessidade do início o mais rápido possível da quimioterapia e o encaminhamento do paciente a especialistas em reprodução e eventuais providências nesse campo. Apesar de existirem diretrizes de associações científicas com relação ao tema, os médicos americanos não as seguem totalmente. O índice de conhecimento sobre essas diretrizes é de apenas 38%.


Ainda existe outra barreira levantada pelos pesquisadores: é o custo envolvido nos tratamentos de preservação da fertilidade que irão se somar aos custos do próprio tratamento e suas conseqüências.


Outro trabalho apresentado no mesmo congresso constatou que não existe um padrão de cobertura para esses tratamentos pelas diferentes companhias seguradoras e planos de saúde. Mesmo no aspecto regulatório, nos Estados Unidos, as legislações são predominantemente estaduais, o que ainda dificulta ainda mais uma padronização de procedimentos pelos oncologistas e especialistas em reprodução.


A pesquisa mostra que os avanços nas oportunidades de tratamento quimioterápico traz novos desafios, como o da preservação da fertilidade dos pacientes mais jovens, não só mulheres como também homens. Devemos lembrar que não só os tumores podem atingir o aparelho reprodutivo diretamente como os tratamentos de tumores de outras localizações podem afetar a capacidade reprodutiva masculina.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mais da metade das mortes anuais por câncer poderia ser evitada, diz relatório

Mais da metade das mortes por câncer poderia ser evitada a cada ano com mudanças nos hábitos de vida e medidas de prevenção e tratamento precoce. A conclusão é da American Cancer Society, que divulgou um estudo mostrando que 62% das mortes podem ser evitadas a cada ano.

Os diversos tipos de câncer tiram a vida de mais de 7 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Somente o câncer de pulmão mata, segundo a Organização Mundial da Saúde, 1,3 milhões de pessoas por ano. Esse número pode ser diminuído, e a prova disso é a constatação de que, após as campanhas educativas, aumento de taxas sobre o cigarro, leis controlando a propaganda e a diminuição do espaço para utilização do tabaco, o número de mortes relacionadas ao cigarro já diminuiu 25%.

O mesmo relatório aponta para o fato de que duzentas mil mortes a cada ano são devidas a casos de câncer associados à má nutrição, sedentarismo, obesidade e estilo de vida inadequado. O câncer de mama atingirá mais de 1 milhão de mulheres neste ano, no mundo todo. No Brasil serão 50 mil casos novos neste ano. Se o mesmo câncer de mama for diagnosticado precocemente, pode ser tratado e curado. Seguindo esse raciocínio, o cálculo dos pesquisadores passa a fazer sentido.

Avanço
A medicina tem avançado no estabelecimento de diretrizes de diagnóstico precoce e tratamento eficiente de vários tipos de tumores, como os de intestino e próstata, que são grandes matadores na sociedade moderna. O que precisamos é aplicar essas diretrizes de forma eficiente.

As campanhas governamentais têm um papel importante nesse esforço de prevenção e educação da população, porém as mudanças de comportamento e de hábitos de vida são fundamentais e dependem de esforço pessoal.

A partir desta sexta (29) vamos trazer informações direto do congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que acaba de começar em Orlando.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Médico usa furadeira em cirurgia e salva vida de menino na Austrália

Um garoto de 12 anos escapou da morte depois que um médico australiano usou uma furadeira caseira para remover um coágulo sanguíneo de seu crânio.

Nicholas Rossi sofreu uma queda de bicicleta na última sexta-feira (15), batendo com a cabeça na calçada perto de sua casa, na cidade de Maryborough, ao noroeste de Melbourne.

Após passar alguns segundos inconsciente, ele disse que estava bem. Mas pouco depois começou a reclamar de dores de cabeça, e quando sua mãe notou que ele estava com um galo pouco acima da orelha, resolveu levá-lo ao hospital.

Segundo o jornal local "The Age", o médico que atendeu Nicholas, Rob Carson, identificou na hora os sintomas de sangramento interno e percebeu que tinha alguns minutos para salvar a vida do menino.

Seguindo as instruções de um neurocirurgião de Melbourne, por telefone, ele conseguiu uma furadeira na sala de manutenção do hospital, que não é equipado com furadeiras cirúrgicas, acrescentou o diário.

O médico perfurou o crânio de Nicholas e usou um fórceps para alargar o orifício. Em seguida, instalou um dreno para retirar todo o sangue que estava pressionando sua cabeça.

Ainda segundo o The Age, o menino foi transferido de helicóptero uma hora mais tarde para o Hospital Infantil Real de Melbourne e recebeu alta na terça-feira (19), dia em que completou 13 anos.

"O menino estava morrendo na minha frente, e isso era mais amedrontador do que usar uma furadeira caseira na operação", disse ele ao jornal.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mulheres acima do peso correm mais risco de parto complicado, diz estudo

Como se não bastassem os problemas já conhecidos e sofridos pelas mulheres obesas ou acima do peso, mais uma evidência surge contra a obesidade feminina. As mulheres obesas ou acima do peso, quando engravidam, correm risco maior de ter um trabalho de parto demorado, o que pode trazer problemas para o feto e aumenta a necessidade de um parto por cesariana.


O trabalho, que foi realizado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte e financiado pelo governo americano, demonstrou que o trabalho de parto das mulheres obesas dura em média 30% mais do que o das mulheres com peso normal. A gravidez de uma mulher com excesso de peso traz não só um aumento dos problemas típicos da gravidez como também aumenta a chance da ocorrência de doenças como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.


Os cientistas acompanharam mais de seiscentas mulheres em sua primeira gravidez para estudar porque as mulheres obesas apresentavam uma incidência maior de cesarianas. O conselho dos médicos para as mulheres que pretendam engravidar e estejam acima do peso ou obesas é que procurem orientação especializada para perder peso.


Essa orientação é fundamental para evitar o uso de dietas que promovam perdas de peso, porém levem a comprometimento do estado nutricional das mulheres.
Esse trabalho deve servir de alerta para todas as mulheres jovens, pois se sabe que o percentual de gestações não planejadas pode chegar a 50%

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Uso da pílula pode comprometer o resultado da malhação, diz médico

Pesquisadores da Universidade do Texas demonstraram o efeito do uso da pílula sobre o treinamento das meninas.

O efeito foi observado após 10 semanas de treino, onde as usuárias dos contraceptivos apresentaram um ganho muscular 40% menor, quando comparado às que não usavam o hormônio.

As mulheres que participaram da pesquisa tinham em torno de 20 anos de idade, medidas corporais e histórico de treinamento físico prévio semelhantes.

Nos treinos, que se repetiam três vezes por semana, faziam 13 tipos diferentes de exercícios com de 6 a 10 repetições, com 75% da força máxima.

Durante o período de acompanhamento as moças tinham sua massa magra avaliada através de pesagem hidrostática. Além das medidas, eram colhidas amostras de sangue para dosagens hormonais.

As usuárias da pílula apresentavam níveis de hormônios anabólicos naturais, fator de crescimento e cortisol significativamente mais baixos, o que pode explicar as diferenças do ganho muscular.

A mesma pesquisa mostrou que o efeito sobre os músculos depende do tipo de pílula que a mulher utiliza. A composição hormonal das fórmulas que estão no mercado são variadas e têm efeitos diversos.

O ideal é que a escolha da pílula seja feita apos uma consulta com seu ginecologista sobre o medicamento ideal para seu caso.

domingo, 19 de abril de 2009

Drogas aumentam em até dez vezes chance de esquizofrenia se manifestar

A história de um personagem da novela Caminho das Índias provoca curiosidade sobre uma doença mental cercada por tabus e incompreensões, a esquizofrenia. Segundo especialistas, jovens que fazem uso de drogas, como a maconha, têm dez vezes mais chances de ter a doença, se já forem predispostos.


Para saber como a esquizofrenia se manifesta, o Fantástico conversou com o músico Hamilton, que é vocalista de uma banda e portador da doença. Foi ele que inspirou o personagem Tarso, da novela Caminho das Ìndias.

"Estou vivendo no mundo do hospital, tomando remédio de psiquiatria mental", contou ele. “A esquizofrenia, não sei se com outras pessoas acontece, mas dói o coração. Você sente dor no coração”. Hamilton lembra que o problema traz sensação de vazio e irritabilidade.

Delírios e alucinações

Para conseguir captar o sentimento de quem sofre com a esquizofrenia, o ator Bruno Gagliasso, que interpreta Tasso, visitou vários centros de saúde mental. “Meu estudo foi com a realidade. Foi com o que acontece, dentro dos institutos, conversando com quem tem esquizofrenia, conversando com psiquiatras, foi vendo a verdade e ouvindo a verdade.”

Hoje, no Brasil, 1,5 milhão de pessoas têm esquizofrenia. “É uma doença em que o indivíduo passa a ter sintomas do tipo delírios e alucinações. Além disso, elas começam a ter um retraimento social, evitam contato com seus amigos ou familiares”, explica o professor de Psiquiatria da Unifesp, Rodrigo Bressan.

“Eu achava que a televisão se comunicava comigo, havia troca telepática nos programas que eram feitos exclusivamente pra mim, eu achava que as revistas tinham códigos, mensagens cifradas”, contou José Alberto Orsi, portador da doença.

O cérebro de quem tem esquizofrenia sofre uma alteração química. Os neurônios liberam grande quantidade de uma substância chamada dopamina, e a pessoa começa ter alucinações, como ouvir vozes. A ciência já provou que, quando o paciente diz ouvir vozes, ele realmente ouve. Durante os surtos, áreas cerebrais ligadas à audição são ativadas.

Ninguém está livre de desenvolver a doença, que se manifesta principalmente entre 17 e 30 anos de idade. “Você não precisa ter um pai ou um irmão com esquizofrenia pra você ter a doença. Em geral, os episódios ou surtos agudos da doença estão associados a um stress muito grande ou uso de substâncias químicas que geram stress dentro do cérebro, como por exemplo, drogas que causam dependência, em especial a cocaína, a maconha, anfetamina”, explica Bressan.

“Atualmente, está muito claro que usar maconha, principalmente usar maconha mais cedo, antes dos 15 anos, está associado a desenvolver esquizofrenia. Para aqueles indivíduos predispostos geneticamente e que usam maconha, aumenta em até 10 vezes o risco de desenvolver esquizofrenia”, diz o professor.

Identificação nas escolas

Um trabalho pioneiro começou a ser feito nas escolas públicas: psiquiatras e psicólogos da Universidade Federal de São Paulo estão treinando os professores para identificar adolescentes com sintomas da doença.

“O adolescente tem características que são próprias, às vezes é agitado, às vezes é depressivo, quer ficar no quarto, isso é normal. Em uma gama de alunos, você consegue perceber aquele que é mais agitado além do normal do adolescente. O pai não percebe porque pra ele o filho é maravilhoso, é tudo de bom, ele não vai enxergar, mas o professor, perto dele tem 50, então ele vai perceber um que é diferente, vai conseguir perceber melhor do que o pai”, analisa a professora Eliana Peres.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nos EUA, mulher quase perde a perna por comer fruta demais

O ditado que diz que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose foi confirmado mais uma vez, com um caso no mínimo estranho. Nos Estados Unidos, uma mulher de 42 anos quase perdeu uma perna pelo consumo excessivo de uma fruta -- no caso específico, toranjas (grapefruits), um parente próximo da laranja. A história mais parece um episódio da série de TV "House", mas realmente aconteceu.

Tudo aconteceu em novembro do ano passado. A mulher, não identificada, deu entrada no pronto-socorro do Providence St. Peter Hospital, em Olympia, estado de Washington, com dificuldade para andar e respirar, somada a dores lombares.

Ela tinha acabado de passar por uma viagem de carro de uma hora e meia. Era ligeiramente obesa, segundo os médicos que a examinaram, e falava de uma dor que começava em sua nádega esquerda e descia pela perna. Algumas horas mais tarde, a região começou a ficar roxa.

Um exame revelou que ela tinha um quadro de trombose -- o surgimento de um grande coágulo que interrompia o fluxo de sangue -- avançando rapidamente numa veia da perna. O problema corria o sério risco de levar a uma gangrena, o que fatalmente teria obrigado cirurgiões a fazer a amputação do membro.

Imagem mostra coágulo na veia da perna (Foto: Divulgação)

Lucinda Grande e Raul Mendez, os médicos que acompanhavam a paciente, colocaram um cateter para desobstruir a veia e iniciaram medicação -- além de recomendar que ela interrompesse seu anticoncepcional, pois estrógeno aumenta levemente o risco de coágulos.

Um teste genético mostrou que ela tinha uma mutação que também aumentava o risco de coágulos. Mas a descoberta mais surpreendente veio do histórico da paciente. Ela havia iniciado, três dias atrás, uma dieta agressiva, que previa o consumo de 225 gramas diárias de toranja no café-da-manhã.

A toranja possui uma substância que encoraja a produção, no organismo, de etinil-estradiol, que por sua vez também encoraja a formação de coágulos. Para Grande e Mendez, essa pode ter sido a gota d'água.

"Nossa paciente tinha uma constelação de potenciais fatores de risco para trombose venosa", afirmam os médicos, em seu relatório de caso, publicado na prestigiosa revista médica "The Lancet". "O estado hipercoagulador ampliado, por conta do aumento da concentração de etinil-estradiol por conta de seus três dias de toranjas para café-da-manhã pode muito bem ter perturbado o equilíbrio."

Após o tratamento, a mulher teve uma recuperação total. Mas, depois disso, é certo que ela vai ficar bem longe das toranjas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Exame de DNA pode tornar Papanicolau desnecessário, sugere estudo

Um novo teste de DNA para o vírus capaz de causar o câncer cervical apresentou desempenho tão superior aos métodos atuais que alguns ginecologistas esperam que ele eventualmente substitua o Papanicolau, nos países ricos, e exames mais “crus” em países pobres.

O novo teste do vírus do papiloma humano, ou HPV (do inglês "human papillomavirus"), pode não apenas salvar vidas. Cientistas dizem que as mulheres acima dos 30 anos poderiam deixar de lado o exame Papanicolau anual para realizar o teste de DNA apenas uma vez a cada três, cinco ou até dez anos, dependendo do especialista consultado.

Seu otimismo é baseado num estudo de oito anos realizado com 130 mil mulheres na Índia, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates e publicado na semana passada no periódico médico "The New England Journal of Medicine". A pesquisa é a primeira a mostrar que um único exame com o teste de DNA supera todos os outros métodos capazes de evitar o avanço do câncer e a morte.

O estudo é “outro prego no caixão” do Papanicolau, que “logo será de interesse principalmente histórico,” disse Paul D. Blumenthal, professor de ginecologia da escola de medicina de Stanford, que testou técnicas de exames na África e Ásia e não estava envolvido na pesquisa.

Efetividade

Entretanto, a adoção do novo teste dependerá de muitos fatores. Um deles inclui o medo dos ginecologistas em abandonar o Papanicolau, até hoje extremamente efetivo. O câncer cervical foi uma das principais causas de mortes de mulheres nos anos 50. Hoje ele mata menos de 4.000 pessoas por ano.

Em países de baixa e média renda, onde o câncer mata mais de 250 mil mulheres anualmente, o custo é um fator. Todavia, o fabricante do teste, Qiagen, financiado pela Fundação Gates, desenvolveu uma versão de cinco dólares. Este preço pode cair ainda mais, caso haja pedidos suficientes, explicou a companhia.

“As implicações da descoberta desse exame são imediatas e globais”, escreveu Mark Schiffman, do Instituto Nacional do Câncer, num editorial que acompanha o estudo. “Peritos internacionais em prevenção do câncer cervical agora deveriam adotar o teste HPV.”

Atualmente, existem enormes distâncias entre a forma de examinar em países ricos e pobres.

O criador

No ocidente, as mulheres fazem exames com o nome de seu inventor, Georgios Papanikolaou. Células são “raspadas” do cérvix (colo do útero) e enviadas a um laboratório. Lá elas são manchadas e inspecionadas no microscópio por um patologista em busca de anormalidades. Os resultados podem demorar dias.

O teste de DNA também precisa de raspas cervicais, mas elas são misturadas a reagentes e lidas por uma máquina.

Em países pobres, a maioria das mulheres não realiza exames de rotina. É a dor que as leva a um hospital. Nesse estágio, geralmente já é tarde demais.

Todavia, em alguns países as mulheres fazem a “visualização”, realizada pioneiramente na década passada com o apoio da Fundação Gates. Nesse processo, um médico olha o cérvix com uma lanterna e o esfrega com vinagre. Manchas que se tornarem brancas podem ser lesões pré-cancerosas. Elas são imediatamente congeladas e retiradas. Diagnóstico e tratamento exigem apenas uma vista.

Problemas em países pobres

O exame Papanicolau falha no Terceiro Mundo porque há poucos patologistas experientes e porque as mulheres, que deveriam retornar ao consultório, muitas vezes não o fazem.

O estudo indiano, iniciado em 1999, dividiu 131.746 mulheres saudáveis de 497 vilarejos – com idades entre 30 e 59 anos – em quatro grupos. Um deles, o de controle, recebeu o tratamento típico de clínicas rurais: aconselhamento para ir a um hospital caso desejassem se examinar. O segundo fez o Papanicolau. O terceiro recebeu a visualização com lanterna e vinagre. Por fim, o último fez o teste de DNA – na época realizado pela Digene, hoje propriedade da Qiagen. A empresa não fez doação ou pagou pelo estudo, segundo seus autores.

Após oito anos, o grupo de visualização tinha aproximadamente as mesmas taxas de avanço de câncer e mortes quando comparadas aos do grupo controle. O grupo Papanicolau tinha cerca de três quartos das taxas. Já o do teste de DNA tinha cerca da metade.

Significativamente, nenhuma das mulheres com resultado negativo em seu teste de DNA morreu de câncer cervical. “Logo, se você tiver um teste negativo, você estará bem por muitos anos”, disse Blumenthal.

O principal autor do estudo, Rengaswamy Sankaranarayanan da International Agency for Research on Cancer em Lyon, na França, disse: “Com este teste, você pode começar a examinar mulheres aos 30 anos e repetir o exame somente a cada 10 anos”.

Questionada se esse conselho se aplicaria aos Estados Unidos, a Debbie Saslow, diretora de câncer ginecológico da American Cancer Society, respondeu, “Absolutamente não”.

“Um teste negativo significaria que a probabilidade de uma mulher desenvolver câncer é pequena, e não nula”, acrescentou a doutora. “Mas se ele houvesse dito cinco anos, eu não teria uma reação tão forte.”

Exames de rotina

Desde 1987, ainda segundo a médica, a sociedade de câncer e o American College of Obstetricians and Gynecologists recomendam a realização de Papanicolau apenas a cada três anos, após um teste inicial negativo. Em 2002, eles recomendaram também o teste HPV. A partir de então, amontoam-se evidências de que o Papanicolau pode ser abandonado.

“Todavia não conseguimos a aceitação dos médicos”, disse Salsow. “Os ginecologistas medianos, especialmente os mais velhos, dizem, ‘As mulheres vêm para fazer seu Papanicolau, e, assim, as trazemos aqui para realizar outros tratamentos’. Estamos realizando exames desnecessários, mas quando você passa 40 anos dizendo a todo mundo que faça um Papanicolau, fica difícil mudar.”

Sankaranarayanan disse que a maior parte dos países europeus recomenda exames a cada três ou cinco anos, e muitos não começam antes dos 30 anos de idade.

O câncer cervical é causado por algumas das 150 lesões do vírus do papiloma humano. As mulheres sofrem os danos assim que começam a ter relações sexuais – entretanto, mais de 90% dos casos desaparecem espontaneamente dentro de dois anos. Testes precoces de DNA encontrariam esses casos, mas também levariam a tratamentos desnecessários. Então, para mulheres entre 20 e 30 anos, os médicos muitas vezes solicitam exames repetidos de Papanicolau, algo caro, mas que pode detectar a pequena minoria de cânceres capazes de se desenvolverem em menos de 15 anos.

“Os Estados Unidos têm amplos recursos e baixa tolerância a riscos”, explicou Schiffman, enquanto alguns países, como a Índia, têm pouco dinheiro e são forçados a tolerar os riscos.

Jan Agosti, funcionário da Fundação Gates e inspetor dos exames preventivos no Terceiro Mundo, disse que o novo teste de cinco dólares da Qiagen – já comprovado por um estudo de dois anos realizado na China – funciona a bateria, sem água ou refrigeração, e demora menos de três horas. Em países onde as mulheres são “mais tímidas em relação a exames pélvicos”, ela acrescentou, o teste também funciona “razoavelmente bem” em limpezas vaginais que elas podem realizar sozinhas.

terça-feira, 31 de março de 2009

Circuncisão masculina previne infecção por HIV, herpes genital e HPV

Esse é resultado de um estudo publicado nesta quinta (26) na revista "The New England Journal of Medicine". Um resultado preliminar do estudo já havia comprovado, em 2006 a redução do risco de contaminação pelo HIV em 50% a 60% no grupo submetido ao procedimento.

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O trabalho é conduzido em Ruanda, por uma equipe da Universidade Johns Hopkins, nessa que é uma das áreas africanas mais duramente atingidas pela Aids. Nessa etapa da pesquisa os cientistas queriam avaliar o impacto da circuncisão sobre a sífilis, a herpes genital e o HPV, doenças sexualmente transmissíveis, comuns em todo o mundo.
Foram mais de 5 mil voluntários, todos sorologicamente negativos para as doenças, com idades entre 15 e 49 anos. Os pacientes eram submetidos a circuncisão imediatamente ou dois anos mais tarde. O acompanhamento era feito com exames de sangue e consultas pelo menos três vezes durante os dois anos do estudo.
A redução do risco de contaminação pelo vírus da herpes apareceu logo no início do estudo e foi apresentado ao mundo científico em uma conferência no ano passado. A circuncisão masculina reduziu em 28% o risco de contaminação pelo vírus do herpes genital no grupo de participantes operado. De forma semelhante, o risco de serem contaminados pelo vírus do HPV foi reduzido em 35% no grupo tratado. Apenas com relação à contaminação pela sífilis a circuncisão não foi eficiente, não apresentando redução do risco de contaminação.
Esse resultado tem implicações não só no campo da saúde masculina mas também traz boas notícias para as mulheres. Intervenções de saúde pública no campo das doenças sexualmente transmissíveis afetam as taxas de transmissão dessas doenças e suas consequências. A diminuição da contaminação masculina pelo HPV pode impactar a ocorrência do câncer de colo de útero, além de proteger o homem de outros tumores malignos que estão ligados à essa infecção.
A Academia Americana de Pediatria informou que vai revisar suas diretrizes visando a inclusão da indicação da circuncisão masculina entre elas.

terça-feira, 10 de março de 2009

DNA ajuda a identificar pessoas com risco de AVC hemorrágico

Os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos são eventos súbitos e geralmente devastadores atingindo milhares de pessoas a cada ano. São causados pela ruptura de aneurismas ou outras malformações de artérias e veias dentro do cérebro. A maioria dos portadores dessas alterações passa pela vida de forma assintomática, sendo a grande dificuldade para os médicos a identificação dos indivíduos que podem vir a sofrer um AVC pela ruptura de um aneurisma.

Um décimo dos acidentes vasculares encefálicos hemorrágicos ocorre em famílias com alta incidência desse problema, e para esses já existem marcadores genéticos para sua identificação. Como então identificar os outros 90% de portadores em risco dentro da população? Uma pesquisa desenvolvida pela Mayo Clinic, nos Estados Unidos, identificou um padrão de variação genética que está ligada a um risco dez vezes maior de ter uma má formação vascular e portanto sofrer um AVC.

Para chegar à conclusão do trabalho os cientistas compararam amostras do DNA de pacientes vítimas de ruptura de aneurisma com o DNA de portadores de aneurismas que não se romperam. É um pequeno passo no caminho da identificação de quem pode estar dentro do grupo de quase 30 mil pessoas que sofrem um acidente vascular encefálico hemorrágico por ano sómente nos Estados Unidos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Saúde da boca pode influenciar desfecho da gravidez, diz estudo

Segundo a Academia Americana de Periodontia, a presença de certas bactérias na boca das gestantes pode aumentar a chance de ocorrerem partos prematuros e afetar o peso dos recém nascidos. Pesquisadores da Universidade de Nova York afirmam que a presença de níveis elevados das uma bactéria chamada Actinomyces estão correlacionados ao baixo peso dos bebês e também à prematuridade.


A presença de placa bacteriana sem controle higiênico e de doença periodontal, que é a infecção das gengivas, está ligada a uma série de doenças. A doença periodontal pode inclusive influenciar no comportamento de lesões arteriais em pacientes cardíacos. Desta vez as pesquisas mostram que a doença periodontal na gestante, principalmente no terceiro trimestre, pode influenciar o desfecho da gravidez.

Foram acompanhadas trezentas grávidas, que tiveram sua saliva e gengivas estudadas para determinação dos níveis de bactérias presentes na boca. Os dados foram correlacionados com informações sobre os partos dessas pacientes. A diminuição de peso dos bebês ao nascer era da ordem de 60 gramas para cada aumento de dez vezes na presença da bactéria. O parto era antecipado em dois dias para o mesmo aumento da carga bacteriana.

Por outro lado, a presença de níveis elevados de outra bactéria, da classe dos lactobacilos, aumentava o peso dos bebês e mantinha a gestação por mais tempo. Segundo a Presidente da Academia Americana de Periodontia, a placa bacteriana da gestante deverá ser melhor estudada para que se possa entender sua interrelação com a evolução da gravidez

segunda-feira, 2 de março de 2009

Meditação transcendental pode tratar a hipertensão, diz estudo

Pesquisadores americanos descobriram que a prática de meditação transcendental pode ser uma opção no tratamento da hipertensão arterial. O trabalho foi realizado no estado americano de Iowa, em uma população de afro-americanos. O grupo foi escolhido devido a altos índices de ocorrência de hipertensão entre os negros, com as conseqüências habituais do problema como acidentes vasculares cerebrais, infartos e insuficiência renal.

Para chegar à conclusão de que a meditação pode ser eficiente, mais de cento e cinqüenta pacientes em tratamento de hipertensão foram divididos em grupos que, além da medicação, receberam: aulas de alongamento e exercícios, participaram de sessões de meditação transcendental ou somente receberam orientação educativa sobre a doença. Os participantes foram acompanhados por um ano, com medições periódicas dos níveis de pressão arterial.

O grupo da meditação transcendental foi o que conseguiu melhores resultados, que perduraram por todo o ano de acompanhamento. Além de baixarem os níveis de pressão, a meditação foi capaz de fazer com que aqueles que a praticavam precisassem de menos medicamento para obter sucesso no tratamento. As mulheres apresentaram resultados ligeiramente superiores aos homens, porém foram também mais aplicadas nas aulas de meditação.

Apesar de o trabalho ter sido realizado em um grupo populacional específico, os especialistas acreditam que os resultados podem ser reproduzidos em qualquer grupo de pacientes. A busca e a utilização de tratamentos alternativos, desde que com eficácia comprovada cientificamente, podem ser alternativas mais baratas de tratamento em uma medicina com custos cada vez mais elevados.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Boa parte dos casos de câncer no Brasil poderiam ser evitados, diz estudo

Cerca de 30% dos casos de 11 tipos de cânceres pesquisados poderiam ser facilmente evitados no Brasil, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira, com a adoção de uma dieta saudável, a prática de mais exercícios físicos e um controle de peso adequado.

O relatório Policy and Action for Câncer Prevention (Política e Ação para a Prevenção do Câncer), uma parceria do Fundo Mundial de Pesquisas sobre Câncer (WCRF, na sigla em inglês) e do Instituto Americano para a Pesquisa do Câncer (AICR, na sigla em inglês), calculou a porcentagem dos casos de vários tipos da doença que poderiam ser evitados também nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e na China. Os pesquisadores calculam que um quarto dos casos de câncer em países de baixo poder aquisitivo como a China poderiam ser evitados com esses hábitos saudáveis. Em países desenvolvidos, a proporção sobe para um terço.

O Brasil, como país de poder aquisitivo considerado médio, se encontra no meio do caminho entre estas duas proporções, segundo o relatório. Ao todo, 11 tipos de câncer foram estudados no Brasil e na China: o de boca, laringe e faringe (considerado uma única categoria); esôfago, pulmão, estômago, pâncreas, vesícula biliar, cólon, fígado, mama, endométrio (mucosa uterina) e rim. Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, o câncer de próstata também foi pesquisado.

Os cientistas concluíram que cerca de 63% dos casos de câncer de boca, laringe e faringe no Brasil poderiam ser prevenidos, igual à proporção americana, um pouco menor do que a britânica (67%) e maior do que a chinesa (44%). Em termos absolutos, o maior impacto seria na prevenção do câncer de mama, que é o segundo caso mais frequente da doença entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele.

O Instituto Nacional do Câncer calcula que 49 mil casos de câncer de mama devem ser registrados no país em 2009. Consequentemente, segundo os cálculos da pesquisa, quase 14 mil casos poderiam ser prevenidos. "Esperamos um crescimento substancial dos índices de câncer com o envelhecimento das populações, o aumento da obesidade, com as pessoas menos ativas e consumindo cada vez mais comidas pouco saudáveis", afirmou Martin Wiseman, diretor da pesquisa. "A boa notícia é que isso não é inevitável e ainda podemos evitar uma crise, antes que seja tarde demais."

Entre as recomendações dos pesquisadores estão: as escolas devem encorajar a alimentação saudável e as atividades físicas; instituições de ensino não devem vender alimentos pouco saudáveis aos alunos; os governos devem encorajar a população a caminhar e andar de bicicleta; os governos devem tornar leis as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS); a indústria alimentícia deve fazer da saúde pública a prioridade durante todos os estágios da produção.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Chiclete com remédio pode reduzir problemas para quem faz diálise

Pessoas que estão em diálise graças à falência dos rins sofrem riscos de doenças cardiovasculares causadas por um aumento de fosfato em seus corpos, e as drogas-padrão muitas vezes são apenas parcialmente eficazes.

Mas um pequeno estudo recente relata que goma de mascar infundida com medicamento parece reduzir os níveis de fosfato, um mineral. O estudo aparece na edição de março da publicação médica "The Journal of the American Society of Nephrology".

Pacientes crônicos de doença nos rins com altos níveis de fosfato no sangue recebem medicamentos que deveriam se unir ao mineral, dizem os autores, mas apenas cerca da metade percebe um benefício completo.

Como os pacientes também apresentam altos níveis de fosfato na saliva, os pesquisadores tentaram lhes prescrever uma goma especialmente produzida com um medicamento que se une ao fosfato. Pacientes que mascaram a goma duas vezes por dia, durante uma hora e entre as refeições, mostraram quedas significativas no nível do mineral na saliva e no sangue – sendo que a redução no nível do sangue durou cerca de um mês.

A goma foi providenciada por uma empresa farmacêutica que emprega um dos autores do estudo. Os pesquisadores disseram que os resultados eram preliminares e deveriam ser confirmados num estudo mais amplo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Acupuntura é igual a placebo para tratamento da dor, revela estudo

Pesquisadores dinarmaqueses divulgaram o resultado de uma extensa revisão dos trabalhos já publicados sobre acupuntura, existentes nas bases de dados. Com o acúmulo de trabalhos científicos sobre os mais diversos temas e conclusões às vezes discordantes, fica cada vez mais difícil vislumbrar o que é verdadeiro. Para auxiliar os médicos, foi criada a técnica de meta-análise, na qual os pesquisadores levantam o maior número possível de trabalhos sobre um assunto. Após a coleta dos trabalhos, eles são classificados de acordo com a técnica de execução, e são comparados os resultados.

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No caso da acupuntura para dor, foram identificados 13 trabalhos diferentes, envolvendo mais de 3 mil pacientes. Somente oito trabalhos puderam ser avaliados, por causa de diferenças na seleção ou distribuição dos participantes. A dificuldade de comparar o tratamento de um paciente com acupuntura ou placebo está no fato de que o pesquisador sempre sabe o que está acontecendo realmente, impossibilitando os estudos chamados de duplo-cegos.


Nos trabalhos comparados a acupuntura apresentou uma vantagem ligeiramente superior ao placebo para tratar a dor. A diferença entre os dois métodos foi muito pequena, não se podendo então excluir a impressão dos pesquisadores e sua influência nos resultados. De qualquer forma, a pesquisa, que está publicada na edição de 7 de fevereiro da revista "British Medical Journal", tem como mérito tentar analisar cientificamente os efeitos dessa terapia complementar já incorporada à medicina ocidental.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Disseminação da malária no Camboja preocupa, e remédio perde sua potência

As aflições deste país empobrecido estão em completa exposição no seu lado ocidental: as meninas de aluguel em frente a restaurantes, as esburacadas estradas de terra e as onipresentes placas de aviso dizendo "Perigo, Minas!"

Porém, o que ilude o olho nu é um problema potencialmente mais grave, especialmente para o mundo exterior. O parasita que causa a forma mais mortal de malária está mostrando os primeiros sinais de resistência à melhor droga contra ela.

Tratamentos combinados usando artemisinin, um medicamento antimalária extraído de uma planta usada na medicina tradicional chinesa, foi considerado nos últimos anos a maior esperança para a erradicação da malária na África, onde mais de 2 mil crianças morrem diariamente em decorrência da doença.

Agora, uma série de estudos, incluindo um recentemente publicado no The New England Journal of Medicine e um programado para acontecer breve, fortaleceu um consenso entre pesquisadores de que o artemisinin está perdendo sua força e que mais esforços são necessários para evitar que a malária resistente à droga se espalhe pelo mundo.

"Não podemos simplesmente varrer esse fato para debaixo do tapete", disse R. Timothy Ziemer, almirante reformado da marinha americana que chefia a Iniciativa Presidencial da Malária, o programa de 1,2 bilhão de dólares iniciado pela administração Bush há três anos para reduzir pela metade as mortes por malária nos países mais afetados.

Enfrentamento

Ziemer se reuniu com funcionários dos governos tailandês e cambojano no mês passado para avaliar o problema da resistência, que afeta os mesmos medicamentos usados pela iniciativa da malária na África.

"Sentimos que precisamos não só rufar os tambores, mas também balançar a jaula: pessoal, isso é significativo", disse ele.

Embora os estudos mostrem sinais relativamente precoces da resistência ao artemisinin, os medicamentos falharam em apenas dois pacientes, no estudo recentemente publicado. Mesmo eles foram eventualmente curados.

Porém, especialistas em malária apontam que, muitas vezes no passado, esta mesma área da fronteira entre Tailândia e Camboja parece ter sido um ponto de partida para ondas de malária resistentes a drogas, começando nos anos 50 com o medicamento cloroquina.

Introduzida imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, a cloroquina foi considerada uma cura milagrosa contra a malária falciparum, o tipo mais fatal. No entanto, o parasita evoluiu, a doença resistente se espalhou, e a cloroquina é hoje considerada praticamente inútil contra a malária em muitas partes do mundo, incluindo a África subsaariana.

Levou décadas para que essa resistência se espalhasse pelo mundo. Assim, seguindo essa lógica, os medicamentos baseados em artemisinin devem continuar úteis por muitos anos.

Para se proteger contra a resistência ao artemisinin, as autoridades mundiais de saúde estão tentando assegurar que a droga seja vendida unicamente como pílula combinada a outros remédios antimalária que duram mais tempo no sangue, eliminando quaisquer parasitas resistentes ao artemisinin.

Perigo à espreita

Os dois testes mais recentes mostrando resistência ao artemisinin foram realizados com pílulas que não tinham um remédio combinado. Mas, se a resistência se espalhar, não existem novas drogas para substituir as combinações baseadas em artemisinin – e nenhuma possibilidade imediata sendo desenvolvida.

"Isso poderia se espalhar em qualquer direção; temos de nos certificar de que não se espalhe", disse Pascal Ringwald, coordenador para a malária da Organização Mundial de Saúde, que há três anos liderou um estudo sobre resistência a drogas no Camboja e é co-autor de um estudo em desenvolvimento sobre o assunto. "Sabemos que ainda não está em Bagladesh", disse ele. "Ainda não chegou à Índia".

Cientistas documentaram como os parasitas da malária resistentes à cloroquina nos anos 50 se espalharam para Tailândia, Birmânia, Índia e África, onde ocorrem uma grande parte das quase 1 milhão de mortes relacionadas à malária.

Para evitar uma recorrência nos tratamentos por artemisinin, os Estados Unidos colocaram de lado as considerações políticas e aprovaram um centro de monitoramento de malária na militarizada Mianmar, antigamente conhecida como Birmânia. A Fundação Bill e Melinda Gates, um dos maiores doadores à pesquisa sobre malária, está disponibilizando US$ 14 milhões aos governos da Tailândia e do Camboja para ajudar a financiar um programa de contenção.

Esse programa inclui esforços para suprir a área com redes contra mosquitos, um programa de exames para todos que vivem em áreas afetadas, e visitas de acompanhamento por funcionários da saúde para avaliar a eficácia dos remédios, diz Dr. Duong Socheat, diretor do Centro Nacional de Malária do Camboja. No lado tailandês da fronteira, o governo tem "microscopistas motorizados", que coletam amostras de sangue de moradores e trabalhadores migrantes, as analisam localmente, e distribuem remédios antimalária.

No entanto, alguns especialistas são a favor de uma abordagem ainda mais agressiva.

"Muitos de nós pensam que isso deveria ser tratado no mesmo nível da SARS,” diz o coronel Alan J. Magill, pesquisador do Instituto Militar de Pesquisa Walter Reed, em Maryland. "Deveria ser considerado uma emergência global, abordado de maneira global". A SARS, doença respiratória que se espalhou rapidamente pela Ásia e outros lugares em 2003, matou mais de 700 pessoas.

O parasita falciparum é um dos quatro tipos de malária – de longe, o mais virulento. Ele entra na corrente sanguínea através da picada de um mosquito. Após incubar por cerca de duas semanas, ele se multiplica e domina os glóbulos vermelhos. Ele causa febre, calafrios, dores de cabeça e náuseas, entre outros sintomas. Caso não sejam tratadas, as células infectadas podem bloquear os vasos sanguíneos e fatalmente cortar o fornecimento de sangue a órgãos vitais.

Estudos recentes mostram que remédios baseados em artemisinin estão se tornando menos eficazes em remover o parasita da corrente sanguínea. Enquanto alguns anos atrás a droga limpava o sangue em 48 horas, hoje pode levar até 120.

"Nosso estudo demonstra que o tratamento para alguns pacientes fracassa – a malária vai embora e depois retorna", disse o tenente-coronel Mark M. Fukuda, médico das forças armadas americanas cujo estudo foi publicado em dezembro no New England Journal of Medicine.

Cada local, uma solução

Diferentes regiões dependem de diferentes combinações de artemisinin. O governo cambojano recomenda que o artemisinin seja combinado com mefloquine, desenvolvido pelos militares americanos e conhecido comercialmente como Lariam. Artemether, um derivado do artemisinin, é muitas vezes combinado com outra droga antimalária, o lumefantrine. Essa foi recentemente considerada a mais eficaz combinação, de acordo com um estudo com crianças em Papua-Nova Guiné.

Também se espera que a mesma combinação seja aprovada para venda nos EUA em breve, produzida pela Novartis e principalmente direcionada a pessoas que viajam para fora do país ou àquelas que chegam aos Estados Unidos com malária.

O mosquito responsável pela transmissão de malária ainda é endêmico nos Estados Unidos. Porém, as moradias modernas, o melhor acesso a tratamentos de saúde e o uso de inseticidas praticamente erradicaram a doença nos países mais ricos.

Aqui em Tasanh, um vilarejo 32 km ao leste da fronteira da Tailândia, Fukuda e uma equipe de pesquisadores trabalham no que é eufemisticamente chamado de ambiente mais desafiador. Tasanh é servida por uma estrada de terra e não tem água corrente ou fornecimento público de eletricidade.

Em uma pequena e espartana clínica, Chet Chen, paciente de malária de 18 anos, deita letargicamente sobre uma velha cama de ferro, ao lado de uma amostra de sua urina em uma garrafa usada de água. O enfermeiro que examina amostras de sangue está do lado de fora, ajudando a consertar o cortador de grama.

Em um pequeno e novo anexo da clínica, Dr. Fukuda e seus pesquisadores trabalham em um ambiente trilíngue – khmer (cambojano), tailandês e inglês –, o que às vezes causa confusão.

Recentemente, americanos que estavam na clínica abafaram o riso quando um pesquisador tailandês descreveu um paciente como tendo o "corpo quente" – uma tradução literal para "febre" em tailandês que, em inglês, evoca imagens típicas de uma casa de strip-tease.

Acredita-se que, no passado, trabalhadores migrantes em plantações e minas de pedras preciosas ajudaram a disseminar a malária resistente a drogas para o Ocidente. Um histórico de inquietação civil, drogas falsificadas e um governo fraco e subfinanciado dificultou o controle sobre a malária. No caso da cloroquina, o uso preventivo da droga – incluindo sua inserção no sal de mesa, a fim de proteger uma parte maior da população – pode ter, na verdade, incentivado a resistência, dizem Fukuda e outros.

Não foi antes de 1990 que o mefloquine, medicamento do exército americano, foi combinado ao artemisinin, feito a partir de uma erva chinesa.

Combinações baseadas em artemisinin mostraram ser de ação mais rápida e pareceram desacelerar a transmissão da doença, disse Dr. John MacArthur, especialista em doenças infecciosas da Agência Americana de Desenvolvimento Internacional em Bangcoc, Tailândia.

MacArthur e outros sustentam que a resistência às drogas antimalária é uma consequência natural do uso indiscriminado do medicamento. "No caso da malária, é o darwinismo do parasita", disse ele. "Ele gosta de sobreviver."

Ainda assim, alguns pesquisadores estão preocupados em não enviar uma mensagem errada ao público, em relação à eficácia dos medicamentos baseados em artemisinin.

Esse não é um anúncio da morte do artemisinin, segundo Dr. Nicholas White, especialista em malária e diretor de um programa conjunto de pesquisa entre a Universidade de Oxford e a Universidade Mahidol, na Tailândia. "O medicamento ainda funciona no Camboja, talvez não tão bem quanto antes."

No entanto, dado o histórico de fracassos de remédios por aqui, parece haver um consenso sobre a solução.

"Acabar com toda a malaria no Camboja", diz White. "Erradicá-la. Eliminá-la."

sábado, 31 de janeiro de 2009

Modelo infectada morreu na madrugada de sábado

A modelo capixaba Mariana Bridi, 20 anos, que amputou mãos e pés após infecção urinária, morreu na madrugada deste sábado, segundo informaram funcionários do Hospital Dório Silva, na cidade de Serra (ES).

Internada desde o dia 3, Mariana morreu por volta das 2h30 deste sábado, "em decorrência de complicações de uma infecção generalizada gravíssima", de acordo com a secretaria de Saúde do Estado.

O corpo foi levado para uma funerária em Vila Velha, onde foi preparado para o sepultamento, e chegou a Marechal Floriano - cidade natal da modelo - por volta das 11h.

O pai, Agnaldo Costa, comentou o fim trágico da luta da filha. "Deus quis que ela ficasse com ele e está confortando nosso coração", declarou. Familiares da modelo também relataram que ela estava com uma expressão serena, indicando que morreu em paz.

Diagnosticada com uma infecção urinária que atingiu os rins e se espalhou pelo corpo, Mariana permaneceu na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) desde que foi internada.

Conforme informações da secretaria de Saúde, a modelo chegou ao hospital com choque séptico (falência dos órgãos por infecção generalizada), causado por bactérias da espécie estafilococos e Pseudomonas aeroginosa.

A amputação dos pés, devido a um problema de circulação sangüínea, ocorreu na semana passada. Na última segunda-feira, ela teve que ser submetida a uma cirurgia para amputar as mãos. Mariana também teve uma parte do estômago retirada.

A modelo tinha sangue tipo O negativo - que só pode receber doações do mesmo tipo - e passou por várias sessões de hemodiálise e transfusões, consequência das hemorragias e da paralisação dos rins.

Mariana começou a carreira aos 14 anos e foi finalista das edições de 2006 e 2007 do Miss Mundo Brasil. Na primeira vez em que participou da competição nacional, ela conseguiu o quarto lugar. Além disso, foi convidada a representar o Brasil no concurso Face of the Universe, realizado em Gana.

Ela também representou o Brasil no Miss Bikini International 2007, quando esteve em Hong Kong, Taiwan e China. Na competição, ela ganhou o prêmio de Mais Belo Corpo e foi a sexta colocada no concurso que aconteceu em Xangai, entre 50 candidatas.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Dormir pouco deixaria o organismo mais susceptível à gripe!

Dormir menos de oito horas por dia torna o organismo vítima fácil do vírus da gripe. Essa foi a conclusão de pesquisadores da Universidade Carnegie Melon, em trabalho publicado na revista "Archives of Internal Medicine" de 12 de janeiro. A quantidade e a qualidade do sono podem afetar o funcionamento do sistema imunológico, baixando as defesas do corpo.


Um grupo de 150 voluntários saudáveis teve sua quantidade e qualidade de sono registrados durante 14 dias. Os especialistas consideraram o limite de 8 horas de sono como ideal. A qualidade do sono foi avaliada pelo tempo em que os participantes realmente estavam dormindo quando estavam repousando.


Após os 14 dias os voluntários foram inoculados com o vírus da gripe através de gotas nasais contendo rinovírus. O mecanismo foi escolhido por replicar o que acontece no mundo real. Os sintomas de um quadro gripal típico apareceram em alguns dos participantes, como esperado.


O cruzamento dos dados mostrou que existe uma relação direta entre o sono e a instalação dos quadros virais. Dormir sete horas ou menos por dia aumentou em quase três vezes a possibilidade da gripe se manifestar. Outro achado importante foi o de que a qualidade do sono também afeta a defesa orgânica. Perder 10% do tempo de qualidade do sono pode aumentar em mais de 5 vezes a chance de ficar gripado quando infectado. Segundo os pesquisadores, a produção de substâncias que regulam a resposta imunológica, chamadas de citocinas, fica comprometida pela falta de sono.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Nasce menina britânica selecionada para não carregar gene 'cancerígeno'

Médicos do University College de Londres anunciaram o nascimento de uma menina selecionada geneticamente para não carregar uma versão alterada do gene BRCA1, a qual pode acarretar um risco de até 80% de desenvolver câncer de mama ou de ovário. A informação é da rede americana CNN. O diagnóstico ocorreu após um processo de fertilização in vitro: embriões gerados em laboratório pelos pais da menina foram selecionados, sendo escolhido para implantação no útero apenas o que não carregava a versão "maligna" do gene.

Foto: Reprodução

Embrião com oito células, fertilizado in vitro (Foto: Reprodução)

O governo britânico autoriza desde 2006 esse tipo de teste. Os pais da menina decidiram fazer a seleção de embriões porque, nas últimas três gerações da família do marido, havia ocorrido o diagnóstico de câncer de mama em mulheres na casa dos 20 anos.

Em entrevista à rede britânica BBC, o especialista em fertilidade Paul Serhal, que acompanhou a seleção dos embriões e a gravidez, afirmou que o grande legado do nascimento "é a erradicação da transmissão dessa forma de câncer, a qual fez essa família sofrer por gerações". Como o diagnóstico da alteração genética é feito em embriões com apenas oito células, os especialistas também argumentam que ele evita a realização de abortos, caso a anomalia fosse detectada mais tarde ao longo da gestação.

No entanto, críticos do procedimento apontam que o gene alterado envolve apenas uma probabilidade do aparecimento da doença, não uma certeza, e sua presença não sugere que o problema será incurável. Também criticam o tratamento de embriões humanos como material descartável e afirmam que, no longo prazo, a popularização desse tipo de técnica pode levar à criação de "bebês por encomenda", apenas com as características genéticas desejadas pelos pais.

Se isso acontecer mesmo, porém, não deve ser algo para já. O custo do procedimento hoje ultrapassa os US$ 10 mil. É importante lembrar que, se o risco de câncer de mama ligado à mutação do BRCA1 foi eliminado, nada impede que a menina desenvolva câncer por outros motivos ao longo da vida.