segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Genes ligados à obesidade alteram diretamente o cérebro, mostra estudo

Acabam de ser descobertas seis variações genéticas associadas com a obesidade. Pessoas portadoras dessas mutações têm índice de massa corporal, um importante marcador de obesidade, aumentado.


Essa foi a conclusão de um estudo, publicado na revista "Nature Genetics", por um grupo de pesquisadores que reúne mais de 60 universidades e órgãos governamentais europeus e norte-americanos. O grupo estudou o perfil genético de mais de 90 mil pessoas de origem européia em vários países.


O que chamou a atenção dos cientistas foi o fato de as mutações genéticas alteram as funções cerebrais ligadas à saciedade e quantidade de alimentos ingeridos. Habitualmente o foco dos estudos aponta para o metabolismo das gorduras e o gasto energético do organismo.

Contribuição genética

O reconhecimento do fator genético na obesidade ou mesmo no excesso de peso começou em 2007. Estudos com gêmeos idênticos apontam para uma contribuição da herança genética entre 40% e 70% para o problema.


A obesidade está associada a um risco aumentado do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes, com conseqüências graves para os indivíduos e a sociedade. Por conta disso, muitos travam uma batalha diária contra a balança.


Conhecer os processos biológicos que estão por trás da questão da obesidade é importante para que se evite uma abordagem simplista que penaliza os indivíduos obesos. Muitas vezes o entendimento da sociedade é de que os gordinhos são pessoas sem disciplina ou sem força de vontade.


O reconhecimento de que o cérebro está envolvido diretamente no processo pode explicar porque muitas pessoas simplesmente comem mais do que deviam sem que isso tenha relação direta com a saciedade. Pesquisas como essa podem abrir portas para novas estratégias de tratamentos e o desenvolvimento de novos medicamentos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Americanos vão tratar parada cardíaca reduzindo temperatura do paciente

A partir de janeiro do ano que vem, as vítimas de parada cardíaca em Nova York serão encaminhadas aos hospitais que as possam tratar com hipotermia (redução brusca da temperatura).


A recuperação de uma vítima de parada cardíaca traz enormes desafios aos sistemas de emergência. Devem existir desfibriladores automáticos em locais de grande concentração de população. O treinamento de pessoas leigas que possam prestar atendimento básico deve ser disseminado. Além disso, é preciso coordenar sistemas de resgate avançado que possam chegar rapidamente ao local de uma parada cardíaca.


A hipotermia, que consiste na diminuição da temperatura corporal a níveis abaixo dos 35 graus Celsius, tem se mostrado eficiente na preservação das funções cerebrais de pacientes que foram recuperados de uma parada cardíaca.
Para que a medida pudesse ser implementada, a Associação dos Hospitais de Nova York estudou as evidências científicas sobre o método e estimulou os serviços de emergência a equiparem suas unidades para utilizá-lo.

Dados promissores

Em trabalhos científicos publicados na revista "The New England Journal of Medicine" a melhora das chances dos pacientes tratados com hipotermia foi significativa. Os pacientes que mais se beneficiam do tratamento hipotérmico são as vítimas de uma parada cardíaca por arritmia, revertida com uso de um desfibrilador elétrico e atendidos por uma equipe de resgate avançado a tempo.


Várias cidades do mundo tem hospitais capacitados a oferecer esse tratamento, inclusive no Brasil. A maior dificuldade é conseguir resfriar o paciente e controlar a temperatura sem variações.


O que torna essa decisão mais importante é o tamanho da cidade de Nova York e a informação de que mais de 20 centros de emergência já informaram estar capacitados a receber os pacientes a partir de janeiro de 2009. Esse é um avanço da medicina, que mostra como pesquisas científicas podem chegar ao mundo real muito rapidamente.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Efeito de placebo tem ligação com gene, indica estudo

Um estudo realizado na Suécia revelou pela primeira vez que um gene pode estar ligado ao efeito placebo, que faz com que uma pessoa se sinta melhor após tomar um remédio falso, que teoricamente não teria efeito algum.

No experimento, realizado na Universidade de Uppsala, no sudeste do país, pesquisadores pediram a 25 pessoas com um tipo de desordem psiquiátrica que se submetessem a um tratamento de oito semanas tomando um remédio inócuo.

Todas as pessoas sofriam de um medo exagerado de serem humilhadas publicamente e foram convidadas a fazer um discurso em público antes e depois do tratamento.

Em um exemplo do efeito placebo, dez das pessoas melhoraram dos sintomas no final do tratamento, mostrando menor ansiedade e uma diminuição de 3% na atividade na área do cérebro associada ao medo - as tonsilas cerebelosas.

Para verificar uma possível associação do resultado com a carga genética dos pacientes, os cientistas investigaram se eles possuíam variantes de um gene que produz uma enzima envolvida na síntese da serotonina - um neurotransmissor.

Estudos anteriores mostraram que pessoas com duas cópias de uma determinada variedade do gene - que produz a enzima cerebral triptofan hidroxilase-2 - têm menos ansiedade em testes que envolvem medo.

A conclusão dos estudiosos suecos foi de que oito das dez pessoas que melhoraram após o uso do placebo tinham as duas cópias dessa variedade do gene e nenhum dos que permaneceram iguais após as oito semanas tinha esse tipo de carga genética.


Vários efeitos placebo


A pesquisa indica que o gene pode não ter influência em todos os casos em que há placebos envolvidos. O número de pessoas analisadas também foi pequeno, o que enfraquece as conclusões.

Entretanto, essa pode ter sido "a primeira vez que alguém associou um gene ao efeito placebo", de acordo com Tomas Furmark, que liderou o estudo.

O cientista avalia que os efeitos do gene podem ser sentidos em outras situações em que as tonsilas cerebelosas estão envolvidas, como em casos de fobias ou mesmo depressão.

Ao comentar o estudo, Fabrízio Benedetti, da Universidade de Turim, na Itália, disse que está claro que "não existe apenas um efeito placebo, mas vários".

Segundo Benedetti, alguns desses efeitos ocorrem por meio dos genes, outros por meio da expectativa de algum tipo de recompensa ou compensação.

A pesquisa foi descrita na mais recente edição da revista "New Scientist".

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Fast-food pode aumentar risco de mal de Alzheimer, diz estudo

O consumo de alimentos do tipo fast-food pode elevar o risco do desenvolvimento do mal de Alzheimer, sugere um estudo sueco.

Ratos de laboratório receberam uma dieta rica em gordura, açúcar e colesterol -- representando o valor nutricional de lanches do tipo "fast food" - durante nove meses e desenvolveram alterações no cérebro associadas aos estágios preliminares da doença.

"Ao examinar os cérebros destes ratos, nós descobrimos uma mudança química que não é diferente da encontrada no cérebro com Alzheimer", disse Susanne Akterin, do Centro de Pesquisa do Mal de Alzheimer do Instituto Karolinska, em Estocolmo.

Os testes mostraram que os alimentos alteraram a formação de uma proteína chamada Tau, que forma nódulos no cérebro de pacientes com Alzheimer, que impedem o funcionamento normal das células, fazendo com que elas morram.

Akterin e sua equipe notaram ainda que o colesterol em alimentos reduziu os níveis de outra substância no cérebro, Arc, que é uma proteína ligada ao armazenamento de memórias.

"Nós suspeitamos que um alto consumo de gordura e colesterol, em combinação com fatores genéticos (...) podem afetar de maneira adversa várias substâncias no cérebro, que podem ser um fator que contribui para o desenvolvimento de Alzheimer", afirmou Akterin.

A pesquisadora disse que "os resultados dão alguma indicação de como o mal de Alzheimer pode ser prevenido, mas são necessárias mais pesquisas neste campo antes que se possa fazer um aconselhamento apropriado ao público".

sábado, 29 de novembro de 2008

Revolução das células-tronco deve vir em poucos anos, diz cientista

Apesar do cuidado na previsão exercido por muitos cientistas, o pesquisador brasileiro Nestor Schor, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acredita que os estudos com células-tronco devem render aplicações médicas em questão de poucos anos. “Eu sou otimista. O mundo todo está se voltando para isso. O número de pesquisadores envolvidos é enorme. O esforço, a excitação, a vontade, a surpresa dos bons resultados é tamanha que muita gente está envolvida. Realmente acho que esse esforço mundial deve resultar em aplicações em breve”, afirmou Schor.

O pesquisador organizou nesta semana o 3º Simpósio Multidisciplinar sobre Células-Tronco na Unifesp, que reuniu pesquisadores de diversas universidades brasileiras. Ali, os cientistas discutiram os avanços das pesquisas na área e os desafios a serem vencidos.

“As experiências estão em nível animal. Para que isso passe para o homem, tem etapas muito importantes, etapas de segurança”, explica Schor. “São células que podem se transformar em uma porção de tecidos. Se você tem uma doença no rim, tenho que ter certeza que elas vão corrigir o rim, que não vão corrigir outras coisas ou interferir em outras coisas. E isso a gente ainda não sabe controlar”, diz o pesquisador.

“Outro problema importante é que elas se multiplicam muito e a gente precisa controlar essa multiplicação. Ainda existem etapas muito importantes e muito difíceis antes de passar para humanos”, explica Schor.


Apesar das dificuldades, o cientista acredita que estamos a poucos anos da revolução na medicina prometida pelas células-tronco.

“Acho que [isso acontecerá] em poucos anos. Os mais céticos acham que vai demorar décadas”, afirma ele. “Já está se aplicando em algumas coisas: no coração, vai começar para doenças renais, diabetes, doenças musculares. Já está começando um início de aplicação clínica, mas muito cauteloso, com muito cuidado para que a gente não cause problemas graves e destrua a credibilidade dessas experiências”, afirma.

O pesquisador também criticou o atraso nas pesquisas brasileiras no setor, causado pela proibição no uso de células embrionárias, que perdurou até maio deste ano. “O atraso foi enorme”, critica. “As células-tronco são maravilhosas, se transformam em qualquer tecido e qualquer órgão. Resta nós sabermos trabalhar com elas. Elas podem fazer um novo rim, um novo coração, um novo fígado. Isso vai salvar milhares e milhares de pessoas”, acredita.

Rim

Nestor Schor orientou um trabalho de doutorado realizado na Unifesp e apresentou seus resultados no Simpósio. Nele, em testes feitos em células animais, as alunas Luciana Reis e Fernanda Borges usaram as células-tronco para recuperar um rim danificado pelo uso de um antibiótico. “A gente usa o antibiótico, machuca o rim, daí a gente dá célula-tronco e o rim fica bonzinho”, conta Shor.

Se a mesma coisa for possível em seres humanos, a técnica pode evitar a necessidade de um transplante. “O transplante simplesmente faz com que o novo rim funcione, mas ele vai ser rejeitado a longo prazo”, explica o cientista.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Visão influencia intensidade da dor, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha indica que a sensação de dor aumenta ou diminui dependendo do estímulo visual que vier associado a ela. Ou seja, ver um ferimento torna a sensação mais desconfortável do que ela seria se não se visse nada.

No estudo realizado pela Universidade de Oxford, os cientistas pediram a pessoas com dor crônica e deficiências em um braço que observassem o membro enquanto faziam uma série de dez movimentos com a mão, de forma a sentir dor na região.

Os participantes do experimento fizeram o que foi pedido de quatro formas diferentes: com nenhum tipo de manipulação na forma como enxergavam o braço; olhando o membro através de lentes que não modificavam a dimensão do braço; usando lentes que duplicavam o tamanho aparente do braço e, por fim, usando lentes que diminuíam o tamanho aparente do membro.

A conclusão foi de que a dor que as pessoas disseram sentir durante os movimentos variou de acordo com o que elas viam.

Os participantes disseram que a dor era maior quando viam o braço maior e menor quando viam o membro visualmente reduzido.

O inchaço provocado pelo movimento também foi menor quando a pessoa olhava o braço através das lentes que o diminuíram.


Percepção de perigo


Os cientistas não sabem ao certo por que isso acontece no nível das células do cérebro.

Mas uma possível explicação seria que as reações de proteção do corpo, inclusive a dor, são ativadas de acordo com a percepção implícita do cérebro de que há perigo.

"Se parece maior, parece mais dolorido e mais inchado", diz o pesquisador G. Lorimer Moseley, que participou do estudo. "O cérebro é capaz de muitas coisas maravilhosas baseadas na percepção de como o corpo está e dos riscos aos quais o corpo parece estar exposto."

A pesquisa foi divulgada na mais recente edição da publicação científica "Current Biology".

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Um ovo por dia aumenta risco de diabetes, diz estudo

Quem come sete ou mais ovos por semana tem muito mais chances de apresentar diabetes. A conclusão veio da Universidade Harvard e está publicada na revista "Diabetes Care".



O risco do diabetes aumenta progressivamente com o consumo de ovos por semana. O efeito é diferente entre homens e mulheres.

No grupo de maior consumo, com um ovo por dia em média, o risco aumenta em 58% para os homens e 77% para as mulheres.

Os ovos são a fonte mais importante de colesterol da dieta humana. Cada unidade contém cerca de 200 mg de colesterol, além de 1,5 g de gordura saturada. Apenas esses dois elementos já aumentam o risco de diabetes.

Esses dados vêm de dois estudos com um número expressivo de participantes. Foram analisados mais de 20 mil homens e 36 mil mulheres, todos profissionais de saúde, saudáveis no início da pesquisa e acompanhados por mais de 20 anos.

Nos dois grupos o número de casos de diabetes, durante o estudo, estava relacionado ao consumo de ovos e altos níveis de colesterol na dieta.

A relação entre os ovos e o diabetes se manteve, apesar dos outros fatores de risco habituais para a doença.

Uma dieta equilibrada está entre os hábitos saudáveis que podem prevenir o aparecimento de doenças crônicas

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Estatinas podem diminuir chances de morte por pneumonia

Pesquisadores dinamarqueses descobriram que estatinas, drogas amplamente usadas para controlar o colesterol, podem ter outro efeito benéfico: diminuir o risco de morte por pneumonia.

Cientistas examinaram registros médicos de 29 mil pacientes dinamarqueses hospitalizados por pneumonia durante um período de seis anos. Usando bases de dados regionais de prescrição médica, eles descobriram 1.372 pessoas que receberam prescrições de estatinas no período de quatro meses após dar entrada no hospital. Então, os pesquisadores calcularam as taxas de mortalidade para usuários e não-usuários de estatina.

Após controlar fatores como idade, sexo, doenças cardíacas, derrames, doenças pulmonares, diabetes e outros 15 distúrbios, eles descobriram que entre os usuários de estatina as chances de morte foram reduzidas em 31% nos primeiros 30 dias após a entrada no hospital e em 25% em 90 dias.

O estudo, publicado em 27 de outubro no "The Archives of Internal Medicine", inclui um grande número de pacientes e registros bastante precisos de diagnósticos, datas de alta hospitalar e uso de estatina, o que traz ao estudo uma força considerável.

Investigações anteriores sobre os efeitos das estatinas na pneumonia produziram resultados diversos, e as razões para os resultados dinamarqueses não estão claras. Um artigo publicado junto com o estudo sugere que as drogas modificam a produção de certas proteínas que causam a resposta inflamatória.

Essas mesmas proteínas também podem ser usadas por bactérias para ajudá-las a entrar nas células e se reproduzirem. Ao diminuir a produção dessas substâncias, as estatinas podem reduzir o número de bactérias que podem entrar nas células.

Antiinflamatório


Um estudo publicado online em 9 de novembro no "The New England Journal of Medicine" sugere que as propriedades antiinflamatórias das estatinas podem ser úteis na diminuição do risco de doenças cardíacas, derrame e morte até em pacientes com colesterol baixo.

A idade média dos usuários de estatina no estudo dinamarquês era de 73 anos e mais de 60% tomavam simvastatina, uma droga vendida nos Estados Unidos como Zocor.

Os usuários de estatina podem ser uma população em geral mais saudável que teve melhores cuidados preventivos do que não-usuários, e, portanto, teriam mais chances de sobreviver à pneumonia em qualquer caso. Mas, como afirmam os autores, o sistema de saúde universal da Dinamarca faz com que essa conclusão seja pouco plausível.

Ainda assim, Reimar W. Thomsen, autor responsável pelo estudo, recomendou cuidado na interpretação da descoberta. "Nossos resultados mostram que a chance de sobrevivência à infecção pode ser melhor se você já está tomando estatinas", afirmou, "mas é muito cedo para fazer recomendações em relação ao uso de estatinas para prevenir infecção. Só se deve tomar estatinas para as indicações atuais." Thomsen é professor clínico associado de epidemiologia do Hospital Universitário Aarhus, em Aalborg, Dinamarca.

Outros especialistas acharam o trabalho convincente. "Esse é um estudo rigoroso", disse Eric M. Mortensen, que já conduziu pesquisas na mesma área.

"O estudo solucionou alguns dos problemas de trabalhos anteriores, eu concordo com suas conclusões", disse Mortensen, professor assistente de medicina do Health Science Center da Universidade do Texas em San Antonio, que não esteve envolvido no estudo dinamarquês.

O governo dinamarquês financiou o estudo e não houve nenhum envolvimento da indústria farmacêutica.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

'Amostra de sangue de grávidas revela doenças genéticas do filho'

Pesquisadores conseguiram analisar DNA da criança presente no sangue da mãe.




Amostras de sangue de mulheres grávidas podem revelar se a criança que ela gera é portadora de doenças genéticas, segundo uma pesquisa da Universidade Chinesa de Hong Kong.



Os pesquisadores afirmaram que a técnica pode identificar fibrose cística, talassemia beta e anemia falciforme. Os únicos exames disponíveis para estas doenças acarretam um alto risco de aborto.

"Isto resolve o problema que tem confundido pesquisadores nos últimos dez anos, no campo de diagnóstico pré-natal não invasivo", afirmou Dennis Lo, o professor que liderou a pesquisa na universidade em Hong Kong.

O novo exame analisa o DNA fetal no sangue da mãe, comparando com o próprio sangue da mulher.


Cópias

As pessoas têm duas cópias de cada gene, uma herdada do pai e outra da mãe. Quando elas concebe uma criança, passam para frente uma destas cópias.

Muitos casais que querem ter um filho não se lembram ou não sabem que problemas genéticos "recessivos" podem ser uma ameaça que permanece escondida.

No caso da fibrose cística, por exemplo, apenas as pessoas que têm duas cópias do gene para a doença vão desenvolver o problema. Mas, se os dois pais carregam um único gene com a doença, existe uma chance de 25% do filho que conceberem herdar de ambos e desenvolver a doença.

Pais que suspeitam ou já sabem que têm uma ou duas cópias do gene com a doença podem usar técnicas de fertilização in vitro (IVF, na sigla em inglês) e testar a carga genética de cada um dos pais antes da implantação do embrião no útero, para checar se a criança desenvolveria a doença.


Plasma

A descoberta da existência do DNA do feto no plasma (a parte restante do sangue, depois da remoção das células) da mãe, abriu novas possibilidades para o exame.

Entre 10% e 15% do DNA no plasma vêm do bebê e o resto pertence à mãe.

Cientistas podem então procurar por seqüências de DNA defeituosas que foram passadas a partir do pai.

Mas é muito mais difícil detectar seqüências defeituosas passadas pela mãe, pois elas são idênticas ao "quadro de fundo" - as seqüências defeituosas no DNA da própria mãe.

A equipe da Universidade Chinesa de Hong Kong pode ter conseguido superar esta dificuldade.

Em uma mulher saudável, que não está grávida, mas que é portadora do gene da doença representada pela presença de um gene normal e um gene defeituoso, exatamente metade das seqüências de DNA serão defeituosas e a outra metade não será defeituosa, refletindo a carga genética da mulher.

Se ela estiver grávida e se a criança também tiver herdado a mesma carga genética, estas proporções continuarão sendo as mesmas.

Mas, se a criança tem duas cópias e está destinada a desenvolver a doença, os números de genes defeituosos na mistura serão levemente mais altos.

Segundo os cientistas de Hong Kong, ao usar tecnologia digital para contar estes genes é possível fazer uma avaliação mais precisa.

A pesquisa foi publicada na revista americana "Proceedings of the National Academy of Sciences".

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cientistas tentam usar luz infravermelha contra surdez

Pesquisadores querem criar um implante que dispara laser em nervos do ouvido.


Cientistas americanos estão estudando uma forma de reduzir problemas de audição com um implante que aciona uma luz infravermelha, estimulando os nervos do ouvido.

Segundo os cientistas da Northwestern University, no Estado americano de Illinois, o ouvido pode ser estimulado tanto por som como por luz.

Um estudo publicado na revista científica "New Scientist" afirma que o uso de luz infravermelha obteve melhores resultados contra a surdez do que implantes cocleares em testes com preás.

Nos últimos anos, o uso de implantes cocleares -- ou "ouvidos biônicos" -- ajudou a combater a surdez. O implante funciona com a instalação de 20 eletrodos direcionados para estimular os nervos do ouvido interno, mas ele é limitado, especialmente em ambientes barulhentos.

Isso acontece porque as células ciliares de ouvidos saudáveis são muito mais precisas na captação de sons do que os implantes artificiais.


Acaso

O pesquisador Claus-Peter Richter, da Northwestern, acredita que uma descoberta feita ao acaso pode levar à criação de um novo implante, que usaria luz infravermelha em vez de eletrodos.

Em uma operação, cirurgiões que usaram laser para corrigir um problema de audição descobriram que as células nervosas do ouvido podem ser estimuladas com luz infravermelha.

A forma como isso acontece ainda não é conhecida pelos cientistas. Richter acredita que o fenômeno tem alguma ligação com o calor da luz.

O uso de luzes infravermelhas, que seriam muito mais precisas do que os eletrodos, poderia melhorar a forma como o implante estimula o cérebro em reação ao som.

Os cientistas usaram luzes infravermelhas para estimular os nervos de preás surdas e mapearam a atividade neurológica entre o ouvido interno e o cérebro. O mapa do processo com infravermelho foi mais detalhado do que o produzido com o ouvido biônico.

Richter agora está trabalhando para produzir aparelhos óticos que poderiam ser implantados em ouvidos de surdos.

Um porta-voz da entidade britânica de caridade que trata de surdos RNID disse que a descoberta pode ser um avanço importante, mas ressaltou que esse tipo de pesquisa pode demorar mais de uma década para se tornar disponível.

domingo, 23 de novembro de 2008

Testes genéticos melhoram, mas pouco, o diagnóstico de doenças

Estudos nos EUA e na Finlândia analisaram diagnóstico de diabetes.
Teste genético foi um pouco mais preciso que técnicas tradicionais.


Testes genéticos para doenças comuns: será que valem a pena? A ciência avançou no campo das descobertas de alterações genéticas ligadas a doenças.



Já foram identificados vários padrões de mutações que permitem a identificação precoce de indivíduos em risco aumentado de apresentarem problemas no decorrer de suas vidas.


Os médicos já podem lançar mão desses testes em escalas diversas, dependendo do diagnóstico que está sendo buscado.


Mas esses testes são melhores e mais específicos do que os critérios aplicados na prática medica diária? E a que custo?

Para avaliar o real impacto das novas tecnologias sobre o diagnóstico do diabetes, pesquisadores do Massachussets General Hospital, em Boston, decidiram descobrir se o diagnóstico seria mais preciso ou não.


A pesquisa usou dados do Registro de Framingham, que começou em 1948 e vem acompanhando um grupo populacional e seus descendentes. A segunda geração desse grupo, que começou a ser acompanhada em 1971, já teve material genético recolhido, permitindo o cruzamento de resultados.


Em um grupo de mais de 2300 participantes foram identificados aqueles com alterações genéticas compatíveis com o desenvolvimento de diabetes. No mesmo grupo foram aplicados os testes clínicos e dados de exame físico que indicavam um risco aumentado para o aparecimento da doença.

Os resultados foram positivos do ponto de vista de sensibilidade dos testes genéticos que se mostraram eficientes na detecção daqueles que se tornaram diabéticos.

O problema foi que esse diagnóstico foi apenas pouco mais preciso do que os exames e acompanhamentos clínicos tradicionais. Sem falar que são extremamente mais caros.


O numero de novos diagnósticos de diabetes foi apenas 4% maior utilizando-se os testes genéticos.


Resultados semelhantes foram obtidos por outra pesquisa realizada na Finlândia, onde eram pesquisadas as mesmas alterações genéticas do estudo norte-americano.


Esses resultados apontam para o futuro das avaliações de risco que poderão indicar riscos aumentados da ocorrência de doenças e quais cuidados deverão ser tomados.


Não podemos esquecer que a presença de uma alteração genética não significa que o problema irá ocorrer. Interações como meio ambiente e hábitos pessoais de vida fazem parte dessa equação complexa.

sábado, 22 de novembro de 2008

Menosprezada, doença renal causa grandes estragos

Falta de diagnóstico precoce faz problema crescer.
Quando o paciente chega ao médico, pode ser tarde demais.


Em fevereiro de 2005, Rita Miller, organizadora de eventos em Chesapeake, Virgínia, se sentia exausta devido ao que ela julgava ser uma gripe. Ela ficou chocada em saber que a persistente pressão alta causou um estrago tão grande no rim que o corpo dela não conseguia mais filtrar toxinas do sangue.

"O médico chegou perto da minha cama e disse: 'Você têm insuficiência renal – seus rins são como ervilhas secas'", lembrou Miller, agora com 65 anos, que não ia ao médico nem media a pressão havia anos.

"O médico disse: 'Traga sua família aqui agora mesmo'", contou ela. "Eles me diziam que eu poderia não sobreviver. Fiquei em estado de choque. Comecei a diálise no dia seguinte".

Miller, que desde então se mudou para Connecticut para ficar com os filhos, era um dos milhões de americanos que ignoram o fato de sofrerem de doença renal crônica, que é causada na maioria dos casos por uma hipertensão incontrolada (como no caso dela) ou diabetes, e geralmente é assintomática até atingir estágios mais avançados. O número de pessoas com a doença – geralmente abreviada como CKD (do inglês, chronic kidney disease) – tem aumentado em um ritmo significativo, em grande parte devido à crescente obesidade e ao envelhecimento da população.

Uma análise de dados federais sobre saúde publicada no último mês de novembro no The Journal of the American Medical Association revelou que 13% dos adultos americanos – cerca de 26 milhões de pessoas – têm doença renal crônica. Há uma década, eram 10%, ou cerca de 20 milhões de pessoas.

"Tivemos um aumento marcante na doença renal crônica nos últimos 10 anos, e esse quadro persiste com os baby boomers entrando na idade da aposentadoria", disse Dr. Frederick J. Kaskel, diretor de nefrologia pediátrica do Hospital Infantil em Montefiore, no Bronx. "O peso para o sistema de saúde é enorme e vai piorar ainda mais."

"Não temos unidades suficientes para oferecer diálise a esses pacientes".

Preocupado com esse quadro emergente, agentes federais de saúde deram início a programas pilotos para reforçar o conhecimento público, aumentar a supervisão epidemiológica e expandir esforços para examinar aqueles mais sujeitos ao risco – pessoas com pressão alta, diabetes ou um histórico familiar de doença renal.

Essas pessoas, e aquelas que já têm a doença, geralmente podem ser beneficiadas pelo mesmo tipo de medicamentos e mudanças de estilo de vida usados para combater a hipertensão e a diabetes. As pessoas são orientadas a imediatamente parar de fumar, perder peso, fazer exercícios regularmente, restringir a dieta e, se necessário, controlar a pressão sangüínea e a diabetes com medicação. Mas esses esforços não conseguem recuperar funções renais perdidas.

O problema é que a maioria das pessoas conhece muito pouco sobre doença renal crônica e raramente pergunta ao médico como anda sua função renal. E muitos daqueles que têm a doença se sentem relativamente bem até o estágio mais avançado da doença, apesar de poderem sentir sintomas não-específicos como câimbra muscular, perda de energia e baixa concentração.

"A maioria de nós, quando pensa em doença renal, pensa em diálise ou transplante", disse Dr. Joseph A. Vassalotti, diretor médico da National Kidney Foundation, um grande grupo de defesa e educacional. "Eles não entendem que a doença abarca um espectro largo e que a maioria dos pacientes desconhece seu quadro de enfermidade".

A doença renal crônica progride com o passar dos anos, com suas fases determinadas segundo dois critérios: a presença de proteína na urina, conhecida como proteinúria, e quão eficaz são os rins na hora de processar toxinas.

Pacientes só se submetem a diálise ou transplante de rim quando estão no estágio final da doença, também conhecida como insuficiência renal ou doença renal em estágio final. Mas o caminho até a falência dos rins pode levar anos. "Somente uma pequena porcentagem dos pacientes com doença renal precisam de diálise", afirmou Dr. Stephen Fadem, nefrologista de Houston e vice-presidente da American Association of Kidney Patients.

A doença renal crônica por si só pode prejudicar o sistema cardiovascular e levar a outras condições médicas muito sérias, como anemia, deficiência de vitamina D e problemas nos ossos. Os pacientes têm muito mais probabilidade de morrer de doenças cardíacas do que sofrer insuficiência renal.

Pelo fato de afro-americanos, latinos e outras minorias sofrerem desproporcionalmente de hipertensão e diabetes, eles apresentam taxas mais altas de doença renal e insuficiência dos rins. Outros casos são causados por distúrbios genéticos, doenças auto-imunes como lúpus eritematoso sistêmico, uso prolongado de certos medicamentos, como antiinflamatórios, e uma inflamação nos rins chamada de glomerulonefrite.

Em 2005, mais de 485 mil pessoas viviam graças à diálise ou transplante, a um custo total de US$ 32 bilhões. O Medicare paga grande parte desse custo, porque oferece cobertura para pacientes que precisam de diálise ou transplante mesmo se eles tiverem menos de 65 anos. Na verdade, doenças e insuficiências renais respondem por mais de um quarto das despesas anuais do Medicare.


A National Kidney Foundation, com orçamento anual de US$ 85 milhões, desempenha um grande papel na educação, elaboração de diretrizes, pesquisas e tratamentos na área. A organização oferece exames gratuitos para adultos em risco de terem doenças renais, publica um jornal líder na área, faz lobby em relação a temas de tratamento e políticas, e realiza grandes esforços de educação pública.

Mas a fundação tem recebido críticas sobre diversos aspectos, em particular seus laços financeiros estreitos com a indústria farmacêutica. A agência influencia fortemente a assistência médica através do desenvolvimento de diretrizes para orientar médicos sobre diversos aspectos da doença. Críticos afirmam que as diretrizes têm beneficiado fabricantes de medicamentos, que contribuem em grande escala com a fundação.

"Essas diretrizes são amplamente disseminadas e altamente influenciadas pela indústria, e elas são criticadas por recomendar níveis mais altos de tratamento", disse Dr. Richard Amerling, diretor de diálise ambulatorial do Beth Israel Medical Center em Nova York.

Em 2006, a organização publicou novas diretrizes para o tratamento da anemia associada à doença renal crônica. As diretrizes foram respaldadas pela Amgem, que comercializar um medicamento para anemia, e alguns membros do painel que desenvolveram as diretrizes tinham relações financeiras com a indústria.

As diretrizes da fundação pediam um aumento no número de contagem de hemácias para níveis mais altos do que aqueles recomendados pela Food and Drug Administration, e muitos nefrologistas criticaram as diretrizes como sendo influenciadas para favorecer a indústria. Após novos testes clínicos sugerirem que tratamentos mais agressivos poderiam causar um aumento nas mortes e nas taxas de problemas cardíacos, a fundação revisou as diretrizes.

Ellie Schlam, porta-voz para a fundação, disse que a organização estava vigilante para "garantir que nenhum fundo de patrocínio cedido à NFK" pudesse influenciar o conteúdo das diretrizes.

A organização também tem sido criticada por defensores que apóiam compensações financeiras para doadores de órgãos, ao que a fundação se opõe categoricamente porque considera não-ético e acredita que isso não aumenta a disponibilidade de doações. Em contraste, a American Association of Kidney Patients apóia pesquisas sobre como incentivos financeiros poderiam afetar a doação de órgãos.

Até a classificação da fundação em relação a doença renal crônica em cinco estágios distintos, um quadro que tem sido amplamente aceito, tem enfrentado alguns desafios.

Em 2002, a organização publicou critérios clínicos para determinar cada estágio da doença. Mas alguns especialistas afirmam que essas diretrizes têm o efeito de exagerar o problema ao classificar muitos pacientes idosos como tendo a doença quando na verdade eles têm um enfraquecimento dos rins natural da idade. A fundação responde que uma redução na função renal entre os idosos não deveria ser aceita como normal somente pelo fato de ser comum.

Devido ao papel do Medicare em pagar pela diálise e pelos transplantes, o governo federal sabe muito mais sobre a epidemiologia e os custos da doença renal em estágio avançado do que a doença renal crônica em geral. Nos últimos anos, o congresso direcionou os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças para preencher algumas dessas lacunas de conhecimento.

Em especial, os centros estão buscando desenvolver um sistema de supervisão abrangente para a doença, organizando projetos-pilotos de exames para pessoas com alto risco na Califórnia, Flórida, Minnesota e Nova York. A agência também está estudando as implicações financeiras da doença e o custo-benefício de diversas intervenções.

A National Kidney Foundation, que tem trabalhado lado a lado com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças e os Institutos Nacionais de Saúde em iniciativas relacionadas a doença renal crônica, também tem focado na educação e na realização de exames, particularmente em comunidades minoritárias. Terri Smith, diretor comunitário urbano da afiliada de Connecticut da fundação, conta que ela passa muito tempo visitando igrejas de negros e centros comunitários para falar sobre doença renal, e tem se surpreendido com o fato de que pouquíssimas pessoas conhecem alguma coisa sobre a doença.

"Eles sabem muito sobre hipertensão e diabetes, mas foi uma revelação para mim saber que as pessoas não viam a relação disso com a doença renal", ela disse. "As pessoas não têm idéia de que deveriam ingerir menos de uma colher de chá de sal por dia. Eu ensino a eles como ler os rótulos; entrego a eles perguntas para eles fazerem aos médicos".

Em Michigan, o afiliado local da NFK entra em contato com cabeleireiros e outras pessoas que trabalham em salões de beleza em comunidades minoritárias, treinando-os para falar com seus clientes sobre a realização de exames. Há muitos anos, depois que Mary Hawkins, 61 anos, enfermeira que vive em Grand Rapids, recebeu um alerta sobre doença renal de uma massagista no salão de beleza que freqüentava, ela marcou uma visita ao médico.

Apesar de ela não ter doença renal, soube que sua pressão estava alta. Hoje, ela toma três remédios para mantê-la sob controle, faz exercícios três vezes por dia, tem aulas de tai chi, já não fuma mais e faz aulas de dança naquele mesmo salão de beleza.

"Eu sabia da existência da doença renal, mas não conhecia o risco", ela disse. "Nós ficamos tão envolvidos com nossa própria vida que a última coisa que pensamos é nossa saúde – quando na verdade deveria ser a primeira".

Febre em bebês assusta, mas nem sempre é sinal de problemas sérios

Recomendação é sempre consultar um médico.
Mas na maioria dos casos o problema não é grave.


O bebê não parecia doente, deitado nos braços de sua mãe e olhando ao redor do quarto da clínica. Ele não estava chorando de forma inconsolável, não estava fraco ou apático. Mas sua mãe havia dito à enfermeira que ele parecia inquieto e não estava mamando tão vigorosamente quanto o normal. E estava quente. Então a enfermeira tirou sua temperatura: cerca de 38 graus Celsius, pouco menos de dois graus acima do normal.

Os pediatras precisam freqüentemente acalmar os pais quando um bebê ou criança pequena tem febre alta. Sim, dizemos, sua filha está com 39,5, mas ela parece bem; provavelmente é apenas um vírus. Não há necessidade de antibióticos, não é preciso nada exceto líquidos e um remédio comum como acetaminofeno ou ibuprofeno.

Mas neste robusto menino, com menos de dois meses de idade, 38 era motivo de preocupação.

Recém-nascidos não lidam muito bem com uma infecção. Seus sistemas imunológicos imaturos os deixam vulneráveis a graves infecções que podem sair do controle. Nos piores casos, bactérias entram na corrente sanguínea de uma infecção urinária ou de pele, por exemplo, e causar sepsia bacteriana. Ou pior, as bactérias escapam da corrente sanguínea pela barreira que deveria separar sangue e cérebro, causando meningite. Portanto, se ocorrer febre num bebê muito jovem, o conselho aos pais é sempre chamar imediatamente o médico. Mas quase dois meses de idade já não é um recém-nascido.

Vinte anos atrás, quando eu estava em treinamento pediátrico, a definição de “muito jovem” era abaixo de três meses. Para qualquer febre nessa faixa etária, coletávamos amostras de sangue, urina e fluido espinhal e as enviávamos para a cultura de bactérias. Enquanto esperávamos os resultados, o bebê ficava no hospital, sendo tratado com antibióticos intravenosos.

Mas, na maioria dos casos, o tratamento agressivo era desnecessário, porque as culturas não desenvolviam nenhuma bactéria. Felizmente, houve ótimas pesquisas epidemiológicas nos últimos anos para ajudar a prever quais bebês realmente precisam ser hospitalizados.

Hoje em dia, um bebê com menos de 1 mês que desenvolve qualquer febre ainda tende a terminar no hospital. Para bebês com mais de 3 meses, usamos nosso julgamento clínico: se parecem bem, podemos solicitar um exame de sangue ou urina, mas eles podem ir para casa – contanto que fiquemos em contato com os pais.

Entre 1 e 3 meses ainda é a zona cinza. E neste caso, havia alguns outros tons sutis de cinza, especialmente a perturbação e a relutância em mamar: afinal de contas, um bebê com uma infecção séria tem um repertório limitado de sinais para dizer, “Ei, mamãe, algo está errado.”

A sua temperatura realmente constituía uma febre? Enquanto isso acontecia, estávamos no limite para a febre “real” – 38 graus Celsius, ou 100,4 Fahrenheit.

O que fazer?

Então tínhamos a idade bem no limite, a febre bem no limite, e a história bem no limite. Estas eram as opções do médico:

A. Examinar o bebê cuidadosamente, e se ele parecer bem e a temperatura não estiver aumentando e a mãe parecer confortável e competente, enviar os dois para casa e pedir que a mãe o observe com cuidado.


B. Pedir um exame de sangue para análise de infecções sérias, e talvez um exame de urina para assegurar-se de que não há evidências de infecção urinária. Se não houver evidências de infecções nesses testes relativamente rápidos, proceder com A.


C. Enviar sangue e urina para a cultura de infecções por bactérias, que levará dois dias. Mandar o bebê para casa, mas considerar a prescrição de antibióticos para “cobri-lo”.


D. Se o bebê parece doente, enviá-lo para a sala de emergência para uma punção lombar e um tratamento completo de sepsia, e admiti-lo no hospital para antibióticos intravenosos enquanto espera algum resultado das culturas de bactérias.

Cada uma dessas atitudes teria sido razoável, defensável e explicável.

“Os pediatras lutam de verdade com esse assunto”, disse William V. Raszka, professor de pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Vermont e diretor do Serviço Pediátrico de Doenças Infecciosas no Hospital Infantil de Vermont. Ele acrescentou que “existe uma quantidade tremenda de dados conflitantes” a respeito de quais bebês precisam de quais testes e tratamentos.

“A incidência de doenças graves por bactérias em crianças que parecem bem entre 1 e 3 meses de idade é muito, muito baixa” contanto que o exame de urina seja negativo, disse Raszka. Mas por outro lado, se o bebê não está inteiramente bem, “se a mãe está certa de que este não é o normal da criança, eu seria mais agressivo ao tratar do bebê”.

Neste caso, o bebê parecia bastante bem. Sua febre não estava aumentando; sua paciente mãe estava dando de mamar, e ele estava mamando, enquanto seu menos paciente irmão demolia a sala de exames. Ele provavelmente não tinha uma infecção séria por bactérias.

Nós conferimos o exame de sangue – nada anormal – e coletamos um pouco de urina para a cultura. Mas a mãe continuava achando que o bebê não estava muito como “ele mesmo.” Eu não conseguia achar nada de errado em seus exames, mas ela o conhecia melhor. E como tive meu treinamento pediátrico em tempos onde ele seria automaticamente admitido no hospital, provavelmente sou mais conservadora que os médicos mais jovens.

No fim, lhe demos uma dose de antibióticos, suas culturas foram para o laboratório, e sua mãe e ele voltaram para casa com um termômetro. No dia seguinte ele era “ele mesmo” de novo, segundo sua mãe – menos inquieto, mais alerta e alegre, mamando normalmente. Nada cresceu em suas culturas. Talvez tenha contraído uma leve doença viral, que causou a febre e a inquietação, e ele a expulsou.

De certo ponto de vista, ele teve falta de sorte: estava exatamente nos limites de temperatura e idade. E de outro ponto de vista, foi um felizardo: 20 anos atrás, ele teria enfrentado três dias no hospital.

Em qualquer um dos casos, da próxima vez em que chegar à clínica com febre, espero, ele estará fora da zona cinza, fora da idade de alto risco, e poderemos nos concentrar no tratamento de uma infecção, caso encontremos uma, e assegurar à mãe que a febre por si só não é nada preocupante.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Médicos tratam problema raro em cérebro de bebê com 'supercola

Bebê de 17 meses com malformação da veia de Galeno foi tratada nos EUA.


Médicos americanos usaram uma espécie de "supercola" para reparar um dano raro em um bebê britânico, noticiaram nesta sexta-feira os jornais britânicos.

A criança Ella-Grace Honeyman, de 17 meses, nasceu com malformação da veia de Galeno, que provoca pequenos buracos nas principais vias sangüíneas do cérebro e afeta apenas centenas de bebês por ano em todo o mundo.

O problema é grave, e os médicos previram que Ella-Grace só viveria poucos meses. Segundo o jornal britânico The Times, a família da criança, da cidade inglesa de Norfolk, arrecadou mais de US$ 300 mil para um tratamento especial nos Estados Unidos e na França.

Ella-Grace foi submetida a mais de uma cirurgia para corrigir o problema.

Ela começou a ser tratada na França, mas o cirurgião que fez a primeira operação morreu, e a família teve de continuar o tratamento em Nova York.

Os médicos do hospital St. Luke's-Roosevelt inseriram um tubo controlado remotamente com uma substância adesiva orgânica. Ao chegar nas veias danificadas, o tubo liberou a "supercola" nos buracos das veias.

Ela ainda precisará ser submetida a outras cirurgias no próximo ano para reparar outros buracos nas veias.

Cientistas testam pílula de prevenção à Aids

Terapia envolve remédios já usados no combate ao HIV, diz revista 'New Scientist'.



Cientistas de diferentes partes do mundo estão testando uma terapia preventiva para diminuir o risco de contaminação pelo vírus HIV, causador da Aids, mesmo quando os pacientes têm relações sexuais sem o uso de preservativos, diz um artigo publicado pela revista New Scientist desta semana.

Segundo a revista, o tratamento preventivo, chamado profilaxia pré-exposição (ou PrEP, na sigla em inglês), prevê que os pacientes tomem apenas uma pílula.

O tratamento ainda não teve sua eficácia comprovada por testes clínicos e é receitado por poucos médicos para um número muito pequeno de pessoas.

A New Scientist afirma que "é provável que o medicamento tenha um efeito modesto - talvez reduzindo o risco (de contaminação) para cerca de dois terços".

De acordo com o artigo, os remédios usados na terapia preventiva são o Tenofovir e o Truvada - que contém o mesmo princípio ativo da primeira droga, o tenofovir, e também um outro medicamento chamado emtricitabina.

Esses medicamentos já são usados como tratamento para o HIV, em um tipo de terapia anti-retroviral. Conforme a New Scientist, isso faz com que já exista muita informação a respeito da segurança no uso desses remédios.

A revista diz que esses medicamentos podem estar prontos para o uso em prevenção bem antes do que qualquer vacina contra a Aids.

A terapia preventiva está passando por vários testes, e os primeiros resultados devem ser divulgados já em 2009, diz a New Scientist.

Segundo o artigo, pesquisas com animais sugerem que as duas drogas bloqueiam a infecção pelo HIV, sendo que o Truvada seria um pouco mais eficaz.

O grau de proteção oferecido pelos dois medicamentos depende de alguns fatores, como a dose administrada, mas em alguns casos, diz a revista, o Truvada bloqueou completamente a transmissão da doença.


África

Remédios antivirais funcionam ao suprimir a replicação do vírus e, com isso, paralisar a progressão da contaminação pelo HIV.

Conforme o artigo, a esperança é que, quando usados de maneira preventiva, os medicamentos consigam inibir tão bem a reprodução do vírus que o sistema imunológico possa eliminar o HIV e evitar que a infecção se instale.

A revista afirma que vários testes da terapia PrEP estão ocorrendo, envolvendo um total de 19 mil pessoas em risco - incluindo usuários de drogas injetáveis, homossexuais e mulheres sexualmente ativas em áreas de alta incidência de HIV - em várias partes do mundo.

O primeiro resultado sobre o uso do Tenofovir deve ser divulgado em 2009, e as informações sobre o uso do Truvada como terapia preventiva, em 2010, diz a New Scientist.

Resultados de testes realizados em animais sugerem que os usuários desta terapia não precisarão nem mesmo tomar um comprimido por dia. Um comprimido duas vezes por semana ou nos períodos em que a pessoa mantiver relações sexuais sem proteção poderia funcionar.

"Isto reduz o preço e a toxicidade dos medicamentos", afirmou Mike Youle, diretor do centro de pesquisa em HIV do Royal Free Hospital de Londres, que foi uma das pessoas a fazer o lobby para a realização dos testes da PrEP. "A maioria das pessoas não tem relações sexuais todos os dias."


Críticas

A revista afirma, porém, que a terapia PrEP também atraiu críticas. A principal preocupação de especialistas é que a PrEP leve as pessoas a um falso senso de segurança, encorajando o sexo sem a proteção de preservativos e, paradoxalmente, espalhando ainda mais o vírus.

Marcus Connant, médico americano que luta pelos direitos dos homossexuais e que já receita as drogas para alguns de seus pacientes, admite que alguns deles provavelmente têm mais relações sexuais sem proteção como resultado da terapia.

"Tenho quase certeza de que alguns têm um comportamento de alto risco por terem acesso aos medicamentos. Mas isto não ocorre com todos os pacientes", afirmou.

Outro problema que poderia ocorrer é a resistência que o HIV pode desenvolver ao medicamento.

Muitos temem que alguns usuários da PrEP não saibam que são portadores do HIV. Como a terapia envolve apenas um ou dois medicamentos, o vírus poderia desenvolver resistência a eles.

A resistência é mais incomum para o Tenofovir e o Truvada do que para muitos dos outros medicamentos anti-retrovirais, mas ocorre. Uma solução seria insistir que as pessoas que se submetam à PrEP façam exames de HIV.

Rir e cantar, remédios para o coração

Especialistas determinaram o efeito das emoções positivas.
As artérias se dilatam com as músicas agradáveis.


Música faz bem para alma, agora sabemos que para o coração e artérias também. Pesquisadores da Universidade de Maryland, em Baltimore estudaram o efeito da música sobre a dilatação das artérias.


O estudo científico avaliou o impacto da música sobre o endotélio, parte mais interna da parede das artérias. O endotélio mais do que o revestimento das artérias faz parte da regulação do diâmetro dos vasos.

Os especialistas queriam determinar o efeito das emoções positivas sobre as artérias. Uma dezena de participantes saudáveis e não-fumantes, com uma média de idade de 36 anos, puderam selecionar 30 minutos de música que gostavam e os deixavam relaxados.

Para que o resultado fosse o melhor possível todos ficaram duas semanas sem escutar as músicas da seleção. Para comparação, também foram indicadas quais músicas os deixavam ansiosos.

Um teste mediu a dilatação da artéria braquial por meio de ultra-som em repouso após 30 minutos de estímulos -- músicas relaxantes, mais agitadas e um videoclipe divertido.

As artérias se dilatavam com as músicas agradáveis e com as risadas do vídeo. Por outro lado, as músicas mais agitadas geravam ansiedade e o estreitamento das paredes das artérias.

Pesquisas como essas demonstram o que era observado. O cérebro, por meio das emoções, participa da regulação da pressão arterial e o estresse não pode ser negligenciado no tratamento dessas doenças.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cocaína vicia antes que o usuário possa se dar conta

Droga cria falsa sensação de poder e clareza de pensamento.
Mas logo o usuário passa apenas a pensar na próxima dose.


"É só uma carreira." Mas não estamos falando sobre o futuro profissional de ninguém, e sim usando a frase que muitos usuários de cocaína utilizam para se enganar. A cocaína é uma droga sobre a qual existem mitos que devem ser destruídos. Não existe futuro no uso dessa droga.


Por conta de seus efeitos estimulantes, a cocaína traz uma sensação de clareza de pensamentos e poder que pode durar alguns momentos.O problema é que após o pico do efeito a necessidade de outra dose aparece e logo o usuário está fisgado, mesmo não querendo acreditar que já é um viciado.

A cocaína é um potente estimulante do sistema nervoso central, interferindo no processo de reabsorção de um composto mediador cerebral, a dopamina, ligado às sensações de prazer e movimentos e atua sobre as paredes das artérias e o ritmo cardíaco.

Os efeitos negativos da cocaína sobre o corpo podem atingir principalmente o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central.


Entre os maiores riscos enfrentados por um usuário de cocaína estão a ocorrência de um acidente vascular cerebral, convulsões ou uma arritmia cardíaca, que podem acontecer até mesmo na primeira dose experimentada.

A associação da cocaína com o álcool traz um risco adicional, pois o fígado transforma essas duas substâncias em uma terceira, o cocaetileno, que potencializa os efeitos da droga e pode aumentar os riscos de morte súbita.

Os estados de alteração da percepção experimentados por quem usa a cocaína podem levar a quadros de irritação extrema, ansiedade e cansaço. Esses quadros, ocorrendo com freqüência, podem facilitar o desencadear de um quadro psicótico.

Mais uma vez é importante ressaltar que essa droga leva rapidamente à dependência, portanto de alguém disser que usa cocaína só eventualmente, duvide, esse usuário apenas está no caminho da dependência e precisa de auxílio especializado para se livrar do vício.

sábado, 15 de novembro de 2008

Vacina contra gripe protege também contra trombose

O estudo foi realizado em centros hospitalares franceses.
Pesquisa anterior mostrou que vacina é benéfica para cardiopatas.


Estudo francês apresentado no Congresso da Associação Americana do Coração, em New Orleans, nos Estados Unidos, demonstra que pessoas vacinadas contra gripe têm risco menor de desenvolver trombose venosa.


Após avaliarem os registros de internação de mais de 1400 adultos atendidos em 11 centros hospitalares franceses, os pesquisadores puderam a estabelecer a relação entre vacinação contra a influenza e casos de trombose.


Para diminuir as chances de erros estatísticos, somente foram incluídos pacientes que apresentavam trombose venosa pela primeira vez e pacientes portadores de câncer -- fator de risco para trombose -- foram excluídos do estudo.


Evidências científicas anteriores já haviam mostrado que a vacinação contra a gripe é benéfica para pacientes cardiopatas. O efeito da vacinação parece ir além da diminuição das complicações pulmonares que agrava os problemas cardíacos.


No grupo estudado na França, a diminuição do risco de ocorrência de trombose venosa entre as pessoas que foram vacinadas é de 24%. Mesmo após o ajuste estatístico para outros fatores como idade, sexo e presença de varizes, o efeito protetor da vacina se manteve no mesmo nível.


Essa é mais uma pesquisa que comprova que a vacinação é uma ferramenta importante, não apenas na estratégia de prevenção de doenças, bem como no controle dos custos da saúde

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Vida mais doce aos diabéticos

Adoçante derivado da sacarose conquista mesa dos brasileiros e é indicado por especialistas para quem busca mais sabor e saúde

Com o crescente número de casos de diabetes no país, o adoçante é um ítem cada vez mais comum na mesa dos brasileiros. Mas a grande reclamação de quem precisa usar o produto, diz respeito ao sabor: algumas substâncias, como a sacarina e o natural stévia, por exemplo, deixam um residual amargo na boca, modificando o gosto dos alimentos. Outras, como o aspartame, perdem a capacidade de adoçar, se submetidas a altas temperaturas.

Nesse contexto, a sucralose – novidade no mercado de produtos diet/light – tem conquistado os consumidores de adoçantes. É o caso da professora aposentada Maria Conceição de Oliveira, que faz uso do produto há quase um ano. “Eu sempre tive dificuldade de usar outros adoçantes existentes no mercado, porque eles modificavam o sabor dos alimentos. Quando descobri a sucralose, voltei a ter prazer em tomar um café, um suco ou preparar uma sobremesa dietética”, conta.

De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Nutrologia, o médico nutrólogo Carlos Alberto Werutsky, quem faz uso de adoçantes e busca mais sabor, deve optar pela sucralose. “É a substância que tem características mais próximas do açúcar e que não deixa residual amargo na boca. Além de ter uma das maiores tolerabilidades de gosto dentre os adoçantes, não perde a capacidade de dulçor com o cozimento”, explica.

Sem calorias

A sucralose é um edulcorante derivado da cana-de-açúcar, que adoça 600 vezes mais que a sacarose (açúcar comum). Ela é feita através de um processo patenteado de substituição seletiva de três átomos de cloro por três grupos de hidroxila, na molécula do açúcar. O adoçante – distribuída no Brasil com exclusividade pela Línea Sucralose, empresa do Laboratório Neo Química – é totalmente livre de calorias, não causa cáries e não tem efeito na secreção de insulina do organismo. “É o adoçante ideal para toda a família: pode ser utilizado por gestantes, lactantes, crianças, idosos, pessoas que estão em dieta de redução de peso e principalmente pelos diabéticos”, ressalta a nutricionista da Linea Sucralose, Elaine Cristina Moreira, especialista em Fisiologia do Exercício e Nutrição em Doenças Crônicas.

Testada em mais de 100 estudos científicos, a sucralose tem segurança comprovada, e foi aprovada em mais de 80 países por autoridades como a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA). “Pra quem busca uma dieta saudável, livre de calorias, segura e com mais sabor, a sucralose é o adoçante ideal”, garante Elaine. Ela observa, ainda, que o produto é perfeito não só para para o dia-a-dia, mas também para o uso culinário, devido à sua excepcional estabilidade sob altas temperaturas.

Prevenção garantida

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, já são mais de 250 milhões de pessoas no mundo com a doença, e esse número cresce a todo tempo. De acordo com a entidade, a cada cinco segundos, surge um novo caso de diabetes, o que corresponde a mais de 600 novos diabéticos por dia. Só no Brasil, cerca de 9% da população sofre com o problema. “A receita para prevenir contra esse mal é mais simples do que muita gente pensa: exercício físico e alimentação balanceada, com menos calorias e menos açúcar. Nesse sentido, o uso da sucralose na dieta é um diferencial saudável”, ressalta a nutricionista da Línea.

Elaine explica que hoje, para uma mulher manter todas as suas atividades cotidianas, ela precisaria ingerir apenas 1.500 calorias diárias, enquanto que o homem, 2.000 calorias. Só que algumas pessoas chegam a ingerir 5.000 calorias em uma só refeição. “Para piorar a situação, essas pessoas não fazem nenhuma atividade física. As calorias extras são armazenadas em forma de triglicérides e gorduras, que são prejudiciais ao organismo”, diz.

Na busca de uma dieta balanceada, orienta a nutricionista, alimentos funcionais são ferramentas importantes. “Sem muito sacrifício, é possível substituir alguns alimentos por outros que oferecem o mesmo sabor e uma quantidade bem menor de calorias”, garante

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Obesidade na infância aumenta risco de doença cardíaca durante a fase adulta

Estudo mostra que crianças, principalmente meninos, com IMC acima do considerado adequado para a idade, têm mais chances de problemas nas coronárias

Um estudo publicado recentemente na revista científica New England Medical Journal, da Inglaterra, aponta que crianças com Índice de Massa Corporal (IMC) considerado acima do normal têm maiores chances de contrair doenças coronarianas na idade adulta. “Como cada vez mais crianças estão se tornando obesas no mundo inteiro, espera-se que em pouco tempo o número de pessoas com problemas cardíacos aumente significativamente”, comenta o Dr. Frederico G. Marchisotti, endocrinologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica/ DASA.

A associação entre obesidade e doenças cardíacas se mostrou mais forte entre os meninos do que em relação às meninas e ainda aumenta de acordo com a idade. “Assim, meninos obesos no final da infância apresentam o maior risco”, diz o endocrinologista. Além de doenças coronarianas e infarto, são problemas futuros relacionados à obesidade: diabetes, hipertensão, colesterol alto, e AVC (popularmente conhecido como “derrame cerebral”), gota (elevação ácido úrico), artrose, cálculo biliar (pedra na vesícula), apnéia do sono, câncer de mama e câncer de intestino.

Para evitar a obesidade na fase infantil, recomenda-se a amamentação até seis meses de idade, seguida do fornecimento de alimentos adequados e estímulo à prática de atividade física prazerosa, como brincar e esportes. “Os pais devem evitar o acesso das crianças às guloseimas, para preservar o apetite nas refeições. Além disso, é recomendada a ingestão de no máximo uma lata de óleo para preparo das refeições ao mês”, sugere Dr. Frederico.

Introduzir precocemente verduras e legumes à alimentação da criança para acostumar seu paladar e sua aceitação futura também pode ser uma boa solução. Para isso, indica-se diversificar a forma de preparo dos vegetais e leguminosas, oferecer os mesmos em pequena quantidade e misturados com outros alimentos de mais fácil aceitação.

A dieta deve conter todos os nutrientes: carboidratos, fibras, gorduras, proteínas, sais minerais e vitaminas, que podem ser obtidos por meio da ingestão de frutas, legumes, verduras, carne, ovo, leite e derivados, arroz, feijão, cereais. Devem ser evitados: doces, bolachas, bolos, massas, refrigerantes e sucos artificiais, salgadinhos e frituras.

Diagnóstico e tratamento

Existem alguns exames importantes para se constatar a causa da obesidade e para verificar se a o excesso de peso já provoca conseqüências adversas no organismo. São, basicamente: hormônios da tireóide (TSH e T4 livre) ; um hormônio da adrenal (cortisol); glicose, colesterol total e suas frações + triglicérides; enzimas hepáticas (TGO e TGP) que podem indicar sobrecarga de gordura no fígado. “Caso a criança também tenha estatura abaixo do normal, é importante observar se há deficiência do hormônio de crescimento, que apesar de rara, também pode acarretar excesso de peso”, alerta o médico.

O tratamento da obesidade infantil deve ser baseado em alimentação correta e atividade física orientada.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Paracetamol aumenta risco de doenças alérgicas em crianças

Segundo estudos da comunidade médica, exposição ao medicamento no primeiro ano de vida pode ocasionar asma e acarretar outras alergias

O uso de paracetamol (antipirético e analgésigo) durante a vida intrauterina, infância e, também, na idade adulta pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças alérgicas como asma e rinoconjuntivite. Em crianças de seis a sete anos também é comum o diagnótico de eczema após o tratamento com a substância. Esses dados são conclusivos de uma pesquisa realizada pelo Programa de Estudo Internacional de Asma e Alergias em Crianças (ISAAC), publicada recentemente na revista científica The Lancet.

De acordo com o estudo, que contou com as informações fornecidas por pais de mais de 200 mil crianças em 31 países, a exposição sem acompanhamento médico ao paracetamol pode ser um fator de risco para o desenvolvimento na infância.

“Os pesquisadores descobriram que o uso de paracetamol para tratar a febre aumentava em 46% os riscos de sintomas de asma em crianças de 6 a 7 anos, o que reforça a necessidade de maior cuidado na hora de medicar os pequenos”, alerta o patologista clínico do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica/ DASA, Dr. Francis Fujii.

Os autores do estudo recomendam que sejam seguidas as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo as quais o paracetamol não deve ser utilizado de modo rotineiro e só deve ser recomendado para febres superiores a 38,5ºC. A substância é o remédio receitado preferencialmente aos asmáticos devido aos riscos da aspirina e outros antiinflamatórios.

Segundo Dr. Francis, a idéia da pesquisa surgiu por meio da percepção no aumento de casos confirmados de asma no mundo todo, durante os últimos 20 anos. “Uma pesquisa realizada junto a escolares da região oeste da cidade de São Paulo revela que a incidência de doenças alérgicas na infância como asma, rinite e eczema (dermatite alérgica) é maior do que o diagnóstico médico”.

Coordenado pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, o estudo avaliou a prevalência das três doenças e sintomas relacionados em 3.312 crianças de 6 a 7 anos, por meio do um questionário padronizado pelo ISAAC. Pelos resultados obtidos, as prevalências de asma e rinite mostraram valores elevados - 24,4% e 25,7%, respectivamente - em comparação ao diagnóstico médico da asma (5,7%) e da rinite (20%) na região abordada. De acordo com a patologista clínico, esses dados podem sugerir um subdiagnóstico dessas doenças nos escolares.

Uso indiscriminado de MP3 pode causar perda auditiva

Exames como a audiometria podem detectar problemas precocemente, aumentando chances de recuperação

Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, no Brasil, mais de 15 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de deficiência auditiva. Essa perda de sensibilidade pode ser ocasionada, por exemplo, por problemas de hereditariedade, infecções pré-natais, mas nos dias de hoje, novos fatores contribuem para o aumento dos índices de surdez. “A perda auditiva induzida por ruídos, como a poluição sonora do trânsito, shows e o tempo de exposição ao alto volume de músicas têm aumentado o diagnóstico de perda auditiva em jovens”, comenta a Dra. Valéria Mendrone, otorrinolaringologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica/ DASA.

Para minimizar o problema, é sugerido que a exposição a sons intensos atinja até aproximadamente 110 decibéis por tempo limitado. Para uma exposição diária a sons de até 85 decibéis, o tempo recomendado é de até 8 horas. A cada aumento de nível sonoro o tempo cai drasticamente, para sons de 110 decibéis, o tempo recomendado de exposição é de apenas meia hora.

Além da perda auditiva, sintomas como zumbidos, dificuldades de compreensão da fala, atraso no rendimento escolar podem ser oriundos de problemas no sistema auditivo. “Os idosos,de maneira particular, se isolam do convívio familiar e social, gerando dificuldades de relacionamento pessoal e profissional quando não escutam bem”, diz a especialista.

“Exames como otoemissões acústicas, audiometria, impedanciometria, potencial evocado auditivo podem ser realizados ao se perceber qualquer de desses sintomas, como zumbido, difilcudade de discrimininação de sons, de maneira fácil e não invasiva. Tratamentos específicos, podem recuperar ou minimizar o dano devolvendo ao jovem qualidade auditiva satisfatória”, diz a médica.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, além de incômodos e desconfortos, o ruído causa alterações na pressão sanguínea, nos níveis de colesterol e açúcar do sangue. Em algumas pessoas a evolução desses quadros pode levar à hipertensão arterial e até infartos cardíacos.

A poluição sonora, considerada um problema de saúde pública, ocupa uma posição alarmante e próxima à poluição da água e do ar. No Brasil não existem estatísticas sobre a Perda Auditiva Induzida por Ruído, mas a alta incidência de falha na audição de grupos de trabalhadores como metalúrgicos, tratoristas, serralheiros e mecânicos, demonstram a abrangência do problema.